segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Dois Poemas de
JOAQUIM MANUEL MAGALHÃES

Quando o visitante, o inesperado rapaz
vindo duma noite distante, partir, partiu,
quem vai lembrar o pranto, o rasgão
da morte, o sangue correndo?
Eco de passos que não houve,
acordou a clara água das raízes
nuns dedos perdidos.

Ele, o despedido, aquele em quem ficamos
cantando os largos claros da noite,
os prédios encobertos de chuva imaginária.
Quem era, quem é? Foi um imprevisto
anúncio de pugna e foz lacustre,
de cardo matinal onde o amor corria.
O terror , rapaz rápido,
da tua sedução nessa despedida.

O visitante sai, saiu, virá um dia
preso do tempo que se rejeitou,
a voz fria, o encanto do desperdício.

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