segunda-feira, 4 de agosto de 2008



Podíamos Ser O Mesmo Corpo


Se em vez de te ver eu te tivesse, podíamos ser o mesmo corpo e repetir esse momento para sempre. Queimá-lo na pele comum, ardê-lo lentamente.
Podemos ficar. Para sempre.
A forma como os teus cabelos caem sobre o rosto, noites passam em que não sei senão de ti.
Há o desejo que não acaba, o círculo fecha-se.
Magnetismo, euforia, explosão. Em ti desfoca-se a realidade. Pergunto-me como será o interior de uma onda, com toda a força, água, rebentação.
Na longa estrada surgirás entre a noite indefinida. O teu corpo brilhará no alcatrão. Então saberei onde explodes. A tua beleza é violenta. Quero beber-te o corpo.

João Borges

2 comentários:

Unknown disse...

Muito muito giro este texto.... E' do Joao que eu conheci?? Ta muito giro, continua a encantar com as tuas palavras!
Denise

Graça Martins disse...

Minha querida voadora
Obrigada pelo comentário.
Acertaste. Este poema é do João com quem falaste na Brasileira, que conversou com o Pessoa e contigo.