terça-feira, 2 de setembro de 2008

Eu sou a cabra que tu vês à esquina logo de manhã quando caminhas com o cabaz das compras e a criada atrás
Fui eu quem assaltou hoje a mercearia do sr. José, coitado, mesmo à tua porta, e que causou um alvoroço enorme
Eu arrastei a tua catraia tão sossegadinha à força para dentro duma escada e, acredita, nunca pensei que uma miúda já soubesse tanto
E passo acima-abaixo na tua rua rente à janela do teu lar à procura dum homem, tu és dos que chamam palavrões a este cio homoxessual e escondes a cara nas cortinas
Eu sou dos que perde os dias no café sem fazer nada, essa canalha
Deito-me com mulheres de qualquer idade e até faço amor com a tua filha
Tenho vícios astrais, a minha boca conhece a do anjo de Filadélfia
Visto-me de mulher, visto-me de homem, quando calha até me visto de coisa sonsa e hipócrita
Durante a noite ando aos caixotes, mergulho o nariz na náusea dos edifícios
E partilho das gamelas dos freaks desta cidade
Não me chateies mais com os teus problemas transcendentes
18-10-977
Paulo da Costa Domingos, TRAVESTI, & etc

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