terça-feira, 16 de setembro de 2008

A lição de Guitarra de BALTHUS

A obra mais polémica de Balthus. Foi apresentada em 1934 numa exposição da Galeria Pierre Loeb em Paris, mas numa sala à parte, um pouco afastada do percurso da galeria. Só reapareceu em público em 1977 na Galeria Pierre Matisse em Nova Iorque. O puritanismo anglo-saxão obrigou o jornalista Tom Hesse a desculpar-se por não poder reproduzi-la , devido à intensidade da sua imagem, para ilustrar o artigo que sobre esta obra escreveu na revista New York. Mais tarde ao rever a obra o jornalista declarou que a Lição de Guitarra, sustentada por um excepcional domínio pictórico, era, sem sombra de dúvida, um dos grandes clássicos do século XX mas teremos de esperar outros tempos mais tolerantes para que volte a aparecer. Em 1984, meio século depois de ter sido exposta pela primeira vez, a obra foi proibida de fazer parte da restrospectiva Balthus no Centre Georges Pompidou e no Museum of Modern Art de Nova Iorque. O organizador da exposição explicou no catálogo a ausência da Lição de Guitarra por motivos que não partilhava inteiramente mas que mostravam até que ponto, cinquenta anos depois de ser pintada, a obra ainda incomodava e perturbava. Felizmente a Lição de Guitarra acabou por reaparecer em 2001 na retrospectiva Balthus no Pallazo Grassi de Veneza.

2 comentários:

Anónimo disse...

Há puritanismos que de facto não entendo...


Esta obra lembrou-me obviamente a Paula Rego. Será que também já teve algum trabalho rejeitado numa exposição?
Haverá muitos outros exemplos, mas desses a Graça sabe muito mais do que eu.

bj.
ana

Graça Martins disse...

A hipócrisia existirá sempre, infelizmente. Interessante é constatar que, atravessando o sofrimento da censura, surge com toda a força, para nos perturbar e colocar questões, mesmo passados 50 anos de silêncio ou mais. Às vezes são séculos de escuridão.
Obrigada Ana