segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Lembrar-te , é amar os corpos que partilhamos. O que me atrai em ti pertence à sabedoria do texto, à primeira palavra murmurada. O que me atrai no amor é a indeterminação, o impulso inicial. Os rostos que amei na tua ausência foram tocados por ti através da minha pele. Ninguém pode esclarecer a sua alma à margem deste pacto. O nosso amor desfaz o trio. É na treva que sou obrigada a reconhecer o que escrevo. Sucumbo a uma grave abstracção de pensamento donde chego a sair tocada pela invocação da palavra.

Isabel de Sá



Podíamos Ser O Mesmo Corpo


Se em vez de te ver eu te tivesse, podíamos ser o mesmo corpo e repetir esse momento para sempre. Queimá-lo na pele comum, ardê-lo lentamente.
Podemos ficar. Para sempre.
A forma como os teus cabelos caem sobre o rosto, noites passam em que não sei senão de ti.
Há o desejo que não acaba, o círculo fecha-se.
Magnetismo, euforia, explosão. Em ti desfoca-se a realidade. Pergunto-me como será o interior de uma onda, com toda a força, água, rebentação.
Na longa estrada surgirás entre a noite indefinida. O teu corpo brilhará no alcatrão. Então saberei onde explodes. A tua beleza é violenta. Quero beber-te o corpo.

João Borges

Trabalhos de Sara Pinho no espaço MUUDA

Tabalhos de Sara Pinho no espaço MUUDA
www.muuda.com