sábado, 4 de abril de 2009

A PROPÓSITO DA PÁTRIA

(...)
Mas quanto mais infantilizados e incultos nos tornarmos, mais facilmente seremos dominados, tal como o fomos quando éramos maioritariamente analfabetos. Ler e dar a ler livros de qualidade não poderia então ser um dos nossos deveres para com a pátria?»
Maria do Rosário Pedreira
(...)
Comboios apitam, o vento mudou,
nublou-se o céu. O povo tem
uns trocos, vai a todo o lado.
Tem aquele gosto ofuscante
no vestuário e cospe para o chão.
Na classe política muitos javardos
aprendem com o livre trânsito.
Aparentam serenidade, apenas
um sorriso para encobrir a vergonha,
a pobreza de sermos tão sós. Os hoteis
de luxo repletos de turistas
da Comunidade. Vestem calções,
calçam chinelos de piscina, sentem-se
à vontade na pátria de Camões.
(...)
Isabel de Sá, Erosão de Sentimentos, 1994/1996. Décimo terceiro livro, integrado em Repetir o Poema, Quasi edições, 2005

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois... assim é o 25 de Abril, todos os dias na Baixa portuense.
Ironia, ou realidade?