terça-feira, 14 de julho de 2009

José Luís Peixoto

todo o amor do mundo não foi suficiente porque o amor não serve de nada. ficaram só
os papeis e a tristeza, ficou só a amargura e a cinza dos cigarros e da morte.
os domingos e as noites que passámos a fazer planos não foram suficientes e foram
demasiados porque hoje são como sangue no teu rosto, são como lágrimas.
sei que nos amámos muito e um dia, quando já não te encontrar em cada instante, em cada hora,
não irei negar isso. não irei negar nunca que te amei. nem mesmo quando estiver deitado,
nu, sobre os lençois de outra e ela me obrigar a dizer que a amo antes de a foder.

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