terça-feira, 29 de setembro de 2009

A PALHAÇADA DA PRAXE. MATA ALGUNS E AGRIDE PSICOLÓGICAMENTE OUTROS. UMA VERGONHA DE JUVENTUDE. REBANHO SUICIDA!!
















A PRAXE EM PORTUGAL




Comunicado do M.A.T.A. sobre a decisão do Tribunal Cível de Famalicão no caso do homicídio do Diogo Macedo, em 2001, quando submetido a praxes por parte da tuna a que pertencia.
Pelo M.A.T.A.,
Daniela Gama
TRIBUNAL CONSIDERA DIRECÇÃO DE UNIVERSIDADE RESPONSÁVEL PELOS ACONTECIMENTOS EM TORNO DA MORTE DE DIOGO MACEDO
Ontem o Tribunal Cível de Famalicão reconheceu a responsabilidade da Universidade Lusíada de Famalicão nos acontecimentos em torno da morte de Diogo Macedo.Em Outubro de 2001 Diogo Macedo, estudante do 4º ano de Arquitectura e membro da tuna, morreu devido a lesões cérebro-medulares, após acontecimentos ainda por esclarecer na noite em que aparentemente tinha decidido abandonar a tuna por não suportar mais as praxes a que era submetido. Inicialmente a morte tinha sido considerada acidental, mas as suspeitas de um médico do Hospital de S. João fizeram com que mais averiguações fossem efectuadas, tendo a autópsia demonstrado múltiplas escoriações corporais, além da fractura de uma vértebra cervical contraída por agressão e que teria sido a causa da morte.Na sequência destes factos, dois elementos da tuna foram constituídos arguidos. Contudo, o processo foi arquivado em 2004 por falta de provas, uma vez que seria “impossível imputar à acção de qualquer pessoa concreta a produção das lesões”. Inexplicavelmente, apesar de estarem perto de 20 pessoas nas mesmas instalações que Diogo, nenhuma destas se recordava dos acontecimentos. Após a morte reuniram-se de urgência para alegadamente gizar versões, oportunamente criando uma amnésia colectiva que se apoderou dos “amigos” e “colegas” de Diogo, impedindo-os de fornecerem qualquer pormenor. Numa sessão de tribunal em que as testemunhas estavam a ser ouvidas, o próprio juiz reconheceu o "muro de silêncio" que tinha sido criado. Uma única versão conjunta de nada.Depois do processo-crime, segue-se o processo cível. A mãe de Diogo Macedo pede uma indemnização de 210 mil euros à Fundação Minerva, que detém a Universidade Lusíada. O tribunal deu como provada a morte, em consequência de lesões provocadas. Este e outros dados levaram o Tribunal Cível de Famalicão a dar como provada a morte do estudante, em consequência de uma pancada, alegadamente, desferida durante a praxe. Estamos agora em Junho de 2009, oito anos após a morte de Diogo Macedo.Ontem assistimos a uma decisão semelhante à de outros Tribunais relativamente a casos de praxe, numa tendência crescente de responsabilização das faculdades sobre as praxes que nelas se passam. O Tribunal de Vila Nova de Famalicão considerou que a Universidade Lusíada de Famalicão (ULF), não controlou nem evitou as praxes académicas, sendo obrigada a pagar uma indemnização de 90 mil euros à família de Diogo. O Tribunal considerou provado que “Nunca a ré (universidade) teve algum controlo efectivo sobre esse tipo de praxes violentas e humilhantes. Não temos notícia que alguma vez tenha proibido a violência mencionada, aliás os factos apurados mostram a ausência de intervenção”, tendo ainda acrescentado que "Existe uma clara interdependência” com a ULF “que lhe cede espaço, subsidio e publicidade, em troca de evidente publicidade e charme académico que esse tipo de grupos traz à sua academia”.Este caso merece várias considerações:- Estranhamente, apenas 3 anos depois da morte de Diogo Macedo os acontecimentos foram tornados públicos, em grande parte devido a uma Grande Reportagem da autoria de Felícia Cabrita. Esta jornalista, numa semana de investigação no local, descobriu mais do que as polícias em três anos – isto, apesar da direcção da Lusíada ter ameaçado de expulsão qualquer aluno que lhe prestasse declarações! Por outro lado, os relatos da mãe deixam claro que a escola sempre soube o que aconteceu; inclusivamente, tentou sempre silenciar as suas tentativas para descobrir as causas da morte do seu filho. Ao que parece, o poder da Universidade Lusíada conseguiu silenciar as vozes que poderiam esclarecer as circunstâncias em que este aluno morreu.- Nesta tuna (e em todas as outras tunas universitárias), a democracia é inexistente, assim como as regras básicas de respeito pela expressão individual. O relacionamento é totalmente condicionado por uma hierarquia absolutamente rígida. Quem as integra obedece a uma autêntica estrutura de castas com claro prejuízo para quem está "mais abaixo" na cadeia. Este era o caso do Diogo, que apesar de já a integrar há 4 anos continuava a ser "caloiro" e alvo de animosidade, a qual esteve na origem da sua decisão de abandonar o grupo.- À semelhança do que se passa noutras instituições do Ensino Superior, é evidente a conivência entre Direcções e grupos de estudantes que têm como base a hierarquização, submissão e proliferação de comportamentos repressores e inerentemente violentos. Isto exige uma reflexão por parte da Sociedade e das Instituições sobre aquilo que são e sobre o que pretendem oferecer aos seus alunos. Não podemos perpetuar estas "tradições" imaginárias que se apoderaram do vazio cultural e intelectual que tem caracterizado as escolas nestes últimos anos.- Este caso extravasa os contornos praxísticos, a gravidade é a de um homicídio. Homicídio que ocorreu no contexto da praxe, numa tuna, entre estudantes, nas instalações de uma Faculdade do Ensino Superior. Estes factos obrigam-nos a pensar na arbitrariedade da "tradição". A "tradição" não pode cobrir de impunidade actos como este, os muros têm de ser derrubados e permitir que a verdade venha ao de cima.
27 de Setembro de 2009
M.A.T.A. – Movimento Anti-"Tradição Académica"
VALE O QUE VALE
Apesar de transcrevermos na íntegra este comunicado que nos caiu no caixote do lixo electrónico, há que sublinhar apenas e somente um aspecto relevante em todo o sucedido: A Escola, dada a sua “abertura ao mundo”, é hoje o lugar que, em concentrado, melhor reflecte as divisões de classe da sociedade e respectivos comportamentos. A entrada do homicídio na Escola constitui apenas o patamar acima do assalto à mão armada (que já lá entrou), da humilhação sexual (que sempre lá esteve, nomeadamente nos colégios internos religiosos, militares ou civis), da subversão da ordem hierárquica (que já lá estava). A “praxe” escolar é somente um ensaio à bruta para o futuro assédio, muitas vezes nem sequer dissimulado, nos locais de trabalho.Há, portanto, que ir mais longe do que ser-se parcelarmente «anti-“tradição académica”»: há que ser-se ANTI, de raiz e em extensão!
Paulo da Costa Domingos
postagem do blogue frenesi

domingo, 27 de setembro de 2009

sábado, 26 de setembro de 2009


JOSÉ LUÍS PEIXOTO

o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,

como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

JOÃO BORGES


Ao longe está a vida. Sinto
que tenho muita idade.
Estou cansado e desiludido.
É como se já tivesse feito o percurso.

Dentro de mim, alastra
a tristeza e a vontade de não estar.

O Largo de S.Domingos é caótico,
os carros quase se atropelam,
as pessoas, velhas, feias, mal vestidas
e quando falam parecem alucinadas;
grupos de jovens,
não têm a noção de que mundo é este
e entregam-se
ao paraíso ficcionado para eles.

Em mim, a solidão de um amor
que se desfaz e se repete.
Tudo é sombrio.Há o silêncio que
equivale à morte
e o meu cadáver esquecido no deserto.
No entanto, o coração insiste em bater,
os pulmões respiram e acabo por viver mais
um dia e outro.

Brilho no Escuro, nº2, Setembro, 2009
ISABEL DE SÁ


LONGA É A NOITE


Quando me vou embora
não sei. Peço-te
só um murmúrio
mostra-me o rosto.

Quando me vou embora
a infância foge.
Aquela última vez
à procura do fim.

Peço-te
só um murmúrio
mostra-me o rosto
fala-me de suicídio
para que possa chorar.


Brilho no Escuro, nº2, Setembro, 2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009

REVISTA DE POESIA BRILHO NO ESCURO - FOI NO SÁBADO -19 DE SETEMBRO- LANÇAMENTO DO NÚMERO DE OUTONO - PORTO

Poemas de Paulo da Costa Domingos

Rosa Alice Branco, João Borges

Isabel de Sá e Jorge Melícias

As três primeiras fotos do lançamento, são da Inês Castanheira (Clube Literário do Porto)






































ACONTECEU NO PORTO - LANÇAMENTO DA REVISTA DE POESIA BRILHO NO ESCURO - PALACETE DOS VISCONDES DE BALSEMÃO

Alguns dos poetas e participantes neste lançamento.

JOÃO BORGES, ISABEL DE SÁ, NUNO BRITO

MARIA BOCHICCHIO, SUSANA GUIMARÃES, RUI PENA,

INÊS CASTANHEIRA, GRAÇA MARTINS, DINA















































































O estilo é uma arte de bem dizer o que se pensa. Se não se pensa, se não se tem nada a dizer, qual é o estilo? Arabescos no vazio não me interessam.


Yvette K. Centeno

terça-feira, 15 de setembro de 2009

LEILÃO DOS HOMENS T - 19 DE SETEMBRO- SÁBADO - 15H. AV. DOS ALIADOS - PORTO

O MEU HOMEM T FOI A LEILÃO E JÁ NÃO É MEU


















ATENÇÃO
Depois do lançamento - no dia 19 de Setembro
a revista estará disponível em:
PORTO - POETRIA (perto da Praça Carlos Alberto) e GATO VADIO (Rua do Rosário)
LISBOA - Banca da FRENESI - Aos Sábados - na Rua Anchieta (perto do café A Brasileira)

domingo, 13 de setembro de 2009

RENTRÉE NO PORTO

ENTRADA LIVRE
SÁBADO - 19 DE SETEMBRO - PORTO
pelas 21.30h. Palacete dos Viscondes de Balsemão
Praça de Carlos Alberto
LANÇAMENTO DO 2ºnúmero da revista de Poesia
BRILHO NO ESCURO
Tiragem de apenas 150 exemplares
Colaboração dos poetas:

ISABEL DE SÁ
JOÃO BORGES
JORGE MELÍCIAS
PAULO DA COSTA DOMINGOS
ROSA ALICE BRANCO

Colaboração da livraria de poesia e teatro
POETRIA

2ºNÚMERO - OUTONO







ANNA PONOMAREVA











quarta-feira, 9 de setembro de 2009












Quadro de Isabel de Sá, acrilico e colagem s/tela, 2008

Paulo da Costa Domingos
Fragmento de NARRATIVA
frenesi, Lisboa, 2009
(...)
À escala da Via Láctea, mais nos vale ficar quietos. Ouvir com atenção uma sonata de Schubert (D821), sentida por Rostropovich e Britten: ou voltar a Elizabeth Wallfisch/Richard Boothby/Robert Woolley (LA Folia). Não mais poderei dizer, como Baudelaire, referindo-se à sua meninice, «eu era tão alto como um in-fólio», nem como Cervantes, que «passo as noites em claro e os dias na escuridão». De idêntico modo é-me impossível garantir-vos que, para melhor, deviéis tudo abandonar, num quietismo necessariamente comprometido com as forças trabalhadeiras da morte. Entendo que vos seja possível sentir já o cansaço de uma pertinência de que, porventura, não partilhais; e que nada tereis colhido, pois, na leitura. »De facto, o que escrevi não contém, em particular, nenhuma pretensão a novidade», até Wittgenstein o disse em Viena; mas permiti-me - filhos, netos, bisnetos da guerra civil intermitente, enfants perdus a quem Shakespeare exortaria: Ah, como a vida é breve; se vivemos, vivemos para derruir o que nos oprime»-,(...)
Olho-te e penso naquele poeta que fala da loneliness of much beauty. Quantas vezes nos sentimos extraordinariamente sós embora sentindo-nos felizes. O amor é impossível mesmo quando possível.
Ana Hatherly

Um livro abandonado numa prateleira é uma munição desperdiçada.

Henry Miller