quarta-feira, 4 de março de 2009



















GUSTAVE COURBET
A Origem do Mundo, 1886

Como seria de prever, publicaram-se centenas de textos, na imprensa escrita mas sobretudo na blogosfera, sobre a bizarra história da apreensão pela PSP de Braga de uns quantos exemplares do livro Pornocracia, de Catherine Breillat (Teorema), com o pretexto de que a capa, ilustrada pelo mais célebre dos quadros de Gustave Courbet (L’Origine du Monde, 1866), seria «pornográfica».O tom geral foi de condenação e revolta diante da tacanhez dos polícias e de solidariedade pelo livreiro, elevado a símbolo de resistência à censura. Ou seja, todos nos indignámos e todos escrevemos mais ou menos o mesmo (eu só não escrevi porque outros o fizeram antes e provavelmente melhor; não valia a pena chover no molhado). Casos como este, já se sabe, tendem a provocar o derramamento de rios de tinta, mas rios de tinta que correm sempre no mesmo sentido. O protesto transforma-se assim num gesto unânime, capaz de unir vozes habitualmente dissonantes.Foi por isso que gostei de ler a abordagem heterodoxa e provocatória de António Guerreiro, na edição de ontem do Expresso.Eis o texto integral da sua microcrónica:
«Devemos a Robbe-Grillet esta definição: “A pornografia é o erotismo dos outros.” O escritor francês aniquilava assim uma distinção que sempre serviu para sossegar as boas consciências. A propósito do episódio policial que levou à apreensão de alguns exemplares de um livro que reproduzia na capa um quadro de Courbet, “A Origem do Mundo”, há algo muito mais interessante para ser pensado do que a tentativa patética de censura. A Polícia desfez o que tinha feito na véspera com o argumento de que a capa “reproduz uma obra de arte”, como se a arte fosse incompatível com a pornografia. Mas a caução artística seria, em si, insuficiente – não funcionaria da mesma maneira para uma obra de arte contemporânea e para um artista não consagrado – se não tivesse sido invocado o estatuto canónico do quadro, que lhe é concedido pelo nome do autor e pelo lugar onde se encontra exposto (o Museu d’Orsay). O olhar censório da Polícia – condenável, é certo – responde de maneira mais exigente ao quadro de Courbet e presta-lhe mais justiça do que o estetismo desta argumentação: “O artístico e o estético não podem ser confundidos com o pornográfico.”»
postagem do blog Bibliotecário de Babel, Domingo, 1 de Março de 2009
















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