quarta-feira, 29 de julho de 2009




Luís Miguel Nava

EM ENTRELINHAS

Tem furos na consciência, este rapaz. Tem a memória
em cacos. Que fará da minha infância quando entrar no
rasgão com que deu a todo o comprimento dela? Que sabe
ele do labirinto onde uma letra se extravia ou do horizonte
em que pressinto um sublinhado? Ignoro o que ele fará,
bem como o que dirá ao ver num poema o céu em entre-
linhas.

A Inércia da Deserção, editora & etc, Lisboa, 1981