sexta-feira, 21 de agosto de 2009













Postagem dedicada ao PCD
A BELEZA DAS IMAGENS INTIMISTAS NO CINEMA DE TARKOVSKI
Andrei Tarskovsky (ou Tarkovski) nasceu a 4 de abril de 1932, em Sawraschje, perto de Moscovo . Morreu em Paris em 1986. Foi um dos mais criativos, inovadores e importantes cineastas surgidos no cinema soviético. A sua obra é atravessada por um caráter introspectivo, complexo e onde as questões humanas são colocadas em primeiro plano.
Filho do poeta russo Arseni Tarkovski, autor de muitos dos poemas recitados nos seus filmes. Formado em Geologia, abandona a profissão para se dedicar ao cinema. Em 1960 dirige o seu primeiro filme - O Rolo Compressor e O Violinista e em 1962 ganha o Leão de Ouro no Festival de Veneza com o seu segundo trabalho - A Infância de Ivan.
Com o ambicioso filme Andrey Rublev (1966), sobre a vida do famoso pintor russo, o realizador apresenta características que formariam a base principal de seu cinema: intimista, conciso e com atenção para os pormenores. Em 1972 lança Solaris, um filme misto de ficção científica e drama existencial, com discretas citações do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick. Esse filme é considerado por muitos o seu melhor trabalho.
Nos seus filmes posteriores, O espelho (1974), filme com traços autobiográficos e principalmente Stalker (1979), são prejudicados pela forte censura existente na URSS. Desiludido com o controle exercido sobre o seu trabalho, Tarkovski decide sair da URSS em 1983. Nesse mesmo ano lança Nostalgia. Ainda, depois de Nostalgia, filmaria O Sacrifício. De personalidade irritadiça e muitas vezes angustiada, o realizador sempre recusou qualquer tipo de influência e controle sobre o seu trabalho. A sua obra é marcada por um profundo sentido espiritual.
O cineasta russo TARKOVSKI











O CINEMA DE TARKOVSKY



























































A propósito da crítica literária

(...)
A pura razão crítica
E aqui reside um outro motivo polémico deste livro: que critério poderá levar JMM a expulsar da sua cidade ( explicita ou implicitamente) poetas como Ramos Rosa ou Gastão Cruz ( e toda a Poesia 61 em geral, com a excepção de Luiza Neto Jorge) e a acolher com tão boa vontade outros que nem são reconhecidos como poetas (refiro-me a Pedro Ayres de Magalhães) ou caíram no irremedível esquecimento público por serem considerados irrelevantes (por exemplo: António Manuel Couto Viana)? Joaquim Manuel Magalhães sabe perfeitamente que, sozinho, por mais autoridade que tenha, dificilmente sanciona um poeta e reabilita outro. Geralmente, isso não acontece senão através de mecanismos de reconhecimento colectivo. E também sabe o quanto existe de paranóico e de desrazão no acto de sustentar uma tese contra uma comunidade inteira - de intelectuais, de críticos - por mais cretina que ela seja. (...)
António Guerreiro, Expresso, 26 de Agosto de 1989
(...) creio que a relevância da crítica para a aceitação deste ou daquele autor se tornou talvez menor do que há 40 ou 50 anos - digamos no tempo de um João Gaspar Simões -, quando a palavra do crítico A ou do crítico B adquiria um peso decisivo (e talvez excessivo). O reconhecimento público de um determinado livro passa hoje por dois tipos de mecanismos diferentes, que podem aliás complementar-se: os primeiros obedecem a um ritmo muito rápido (cerca de três meses ou pouco mais) e dependem de estratégias de promoção editorial - lançamentos, entrevistas, pré-publicações, campanhas que levam os escritores a apresentar as suas obras pelo país ou pelo mundo fora, etc. Os segundos, de ritmo muito mais lento, implicam uma progressiva consagração crítica, sujeita a altos e baixos, que pode demorar longos anos e se dá sobretudo no espaço das universidades ou das chamadas revistas literárias - não forçosamente universitárias - cujos artigos podem sair muito tempo depois da publicação dos livros. Nada disto constitui novidade para ninguém - é apenas um retrato da situação actual e não entendo como pode sequer suscitar polémica.
Fernando Pinto do Amaral, revista Apeadeiro, nº3, Quasi Edições, 2003