sábado, 24 de outubro de 2009

PERDER A CABEÇA - Dois trabalhos de Graça Martins



VITÓRIA DE SAMOTRÁCIA - A minha escultura preferida está no Louvre.












Soneto de Giuseppe Gioachino Belli - Tradução de Alexandre O'Neill

LA VITA DELL'OMO

Nove mesi a la puzza: poi in fasciola
tra sbaciucchi, lattime e lagrimoni:
poi p'er laccio, in ner crino, e in vesticciola,
cor torcolo e l'imbraghe per carzoni.

Poi comincia er tormento de la scola,
l'abbeccé, le frustate, li geloni,
la rosalía, la cacca a la sediola,
e un po' de scarlattina e vormijoni.

Poi viè l'arte, er diggiuno, la fatica,
lo spedale, li debbiti, la fica,

er zol d'istate, la neve d'inverno...
per urtimo, Iddio ce' benedica,
è la morte, e finisce co l'inferno.

A VIDA DO HOMEM

Nove meses no fedor, depois nas faixas,
por entre crostas, beijocas, lagrimonas.
Depois à trela, na andadeira, em camisinha,
pára-turras na testa, cueiros por calções.


Depois começa o tormento da escola,
o á-bê-cê, a vergasta e as frieiras,
a rubéola, a caca na cagadeira
e um pouco de escarlatina e de bexigas.

Depois o ofício, o jejum, a trabalheira,
a pensão a pagar, as prisões, o governo,
o hospital, as dívidas, a crica,
o sol no verão, a neve no inverno...
E por último- e que Deus nos abençoe!-
vem a morte, e acaba no inferno.

FOTOS DE PAULO NOZOLINO

PARA SEMPRE, fotografias de PAULO NOZOLINO, fecha com um soneto de GIUSEPPE GIOACHINO BELLI, traduzido por ALEXANDRE O'NEILL, foi diagramado por PAULO DA COSTA DOMINGOS, Setembro de 1982, Lisboa