quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

BUSCAR CONSOLO NA CRUELDADE

Se todo o poema tem de ser cruel e se a poesia oferece consolo, talvez seja legítimo pensar que a crueldade nos consola. Ou talvez a crueldade esteja no exercício do esquecimento que todo o poema é. Ainda que a memória possa ser o magma, o esquecimento é o que resulta da manipulação do magma. Já dizia Ruy Belo, «esquecer é para mim morrer um pouco, antecipar um regresso definitivo à terra». E a paz está, precisamente, nessa antecipação. Morrer aos poucos em vida, para morrer em paz com a morte definitiva.

Postagem de HMBF editada na Antologia do Esquecimento

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