terça-feira, 4 de maio de 2010

O QUE NOS SEPARA? O QUE NOS UNE?

(...) Efectivamente, na ocasião da perda objectal, a ferida narcísica toma proporções dramáticas na medida em que não representada, não investida, ela apenas pode ser vivida dolorosamente, num estado de angústia- aflição sem nome; a persistência da excitação dolorosa, sem possibilidade de ligação com o objecto, torna-se rapidamente intolerável e apenas se pode descarregar no próprio corpo. (...)
Da mesma maneira, aquando da perda do objecto externo, não é possível nenhuma medida defensiva da natureza da clivagem e da "desidealização" tais como as que encontramos nos estados-limite; todo o trabalho de luto, por muito patológico que seja, torna-se irrealizável. Por outro lado, no estado-limite a falta fundamental de confiança no objecto traduz-se essencialmente por uma desconfiança em relação aos objectos interiorizados; o objecto externo, vivido como intruso, ameaça, aquando da sua interiorização, esvaziar o EU; a negação e a clivagem tornam-se indispensáveis à sua salvaguarda.
Narcisismo e Estados-Limite, Jean Bergeret, Wilfrid Reid, colecção Psicologia e Psicanálise, Direcção de Carlos Amaral Dias, Edição Escher, Lisboa, 1991

Sem comentários: