sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Agosto

1.
A tua pele fulminava
o que subsistia de claridade
e de vida.

Tornei-me exterior a tudo.
Os meus amigos reconhecem
mudanças subtis
e quando alguém
me olha, desvio-me.
Os canteiros secos, nas praças
exibem a proximidade da morte
como um aviso.

Temo a agressão silenciosa.
Estar contigo
foi perceber que a dor é definitiva.

Não sei se rejeito totalmente o mundo,
mas relaciono-me com ele
estranhamente.
Agora sei que a morte
pode vir de qualquer parte
em todos os segundos.

Vila Real. 28.8.09

João Borges

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