domingo, 8 de agosto de 2010

LUZ

Como se enreda na luz o coração
à sombra dos seus mitos e de corpos
tão jovens que já de apercebidos
se movem para longe do nosso olhar
guardando a tábua rasa da ausência.
Como se enreda o coração no corpo
e sem palavras te abandona este poema
e sem razões te alucina e te aprisiona.
Como nos perdemos todos nesta luz
que os corpos trazem como coisa sua
e que só às vezes pousa no poema
e te deixa perdido e só à beira do lume.

Luís Filipe Castro Mendes

de A Ilha dos Mortos, Poesia Reunida (1985-1999)

Sem comentários: