terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O tempo enlouquece-me de tão lento.
Se ao menos eu pudesse
faltar a este espectáculo.
Todos os dias a fugir
do que desejo. A apagar
o que arde em mim.

Magoei-me e tenho cicatrizes,
nao vês porque foste embora.

Chorava se conseguisse.
Se fosse possível voar para
o outro lado da luz,
vencer esta dor sem preço.
Abrigar-me da chuva.

A realidade mata o que sou,
o tempo é mais longo do que eu pensava.


João Borges


AO VENTO EM TERRAMOTOS, Edições cofre nocturno, produções culturais, Lisboa, 2011

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