quinta-feira, 3 de março de 2011

Poema com dedicatória de valter hugo mãe

maldição contra quem não ama quem deve

para a isabel de sá e para a graça martins

o grande amor da sua vida não era aquele homem. tinha-se guardado, quando nova, para um rapaz que vira retirar da mão uma flor. foi por ter visto tal magia que julgava virem as flores da vontade dele e lhe pôs o coração em pensamento. à noite, no silêncio mais absoluto, achava que por dentro o sangue revirava em espirais como pétalas juntando-se. e era verdade que o quarto se perfumava para espanto dos seus familiares. assim, casada com aquele homem, ela pensava apenas que um dia tudo mudaria. à custa dessa ideia, cortou-lhe a cabeça e viu-o morrer sem perder a convicção de que o futuro lhe traria a mais absoluta alegria.

contabilidade, poesia 1996-2010». alfaguara, novembro de 2010, capa com fotografia de nelson d'aires.