quinta-feira, 3 de maio de 2012

Poema de Dante Gabriel Rossetti

cançãoV

UM POUCO DE TEMPO


Um pouco de tempo, um pouco de amor,
A hora pacienta ainda por ti e por mim
Que não retirámos o véu para ver
Se o nosso céu ainda se acende lá em cima.
Tu apenas, ao último suspiro do dia,
Sentiste a tua alma prolongar o som;
E eu ouvi o vento nocturno gritar
E julguei que era minha a fala dele.

Um pouco de tempo, um pouco de amor,
O Outono disseminador entesoura para nós
Cujo aposento não está ainda arruinado
Nem desfolhado o nosso bosque sem canções.
Apenas através dos ramos agitados
Ouvimos as marés que buscam o mar,
E fundo acordam nos nossos dois corações
Um lamento por ti e por mim.

Um pouco de tempo, um pouco de amor,
Pode ainda ser nosso que não dissemos
A palavra que nos atemoriza os olhos
O saber o que cada um está a pensar.
Ainda não no fim: emudeçam-nos os lábios
Em sorrisos por uma breve estação ainda:
Eu dir-te-ei, quando o fim chegar,
Como melhor poderemos olvidar.


Os Pré-Rafaelitas, antologia poética, Assírio&Alvim,2005

6 comentários:

Anónimo disse...

Bonito, muito bonito...

EDILLANDIO disse...

Belo poema de Dante Gabriel Rossetti. Há que se reconhecer que ele foi um dos principais representantes da Irmandade Pré-Rafaelita, um grupo artístico entre o espírito revivalista do romantismo e as novas vanguardas do século XX.

Ele traz na mão o rosário de suas rimas, e à música de seus versos reúne a sinfonia de suas criações, como bem expressa este belíssimo poema.

Helena disse...

Lindo!

Anónimo disse...

Este poema abaixo foi criado por mim,lógico, não chega aos pés da lenda "Dante",mas me permitam compartilhar;

Um estranho conhecido

As palavras são doces, aguçadas
Que belo, quando deveras disseminadas.

O ponto de vista próprio,autêntico e sagaz
Quão criatividade,leveza, sensação de paz.
Ser único,atento e opinativo
Poema igual composto, jamais visto.

Olhos arregalados para mais um aprendizado
Tanta beleza e tão pouco observado,
dos outros discerne,constate o fato;
Todas as vezes nunca o que escreve ,mas sempre aquele, que lê; do outro lado.

Carlos Delamare Ulisses Sampaio

Unknown disse...

Muito bonito seu poema 👏👏👏👏

Unknown disse...

Bonito seu poema 👏👏👏