segunda-feira, 23 de julho de 2012

Poema de João Borges



A FIGURA E O SEU DUPLO*



Espelho

enquanto alguns rostos

são devorados pelas trevas,

outros se mostram à luz.

Não tens esperança,

por que fechas os olhos?





Espelho

por que mostras um acrobata
paralisado?

Porquê essa inclinação

para a sepultura?





Espelho

não esqueces, ficas à espera,
os dias perdidos.



*título de uma pintura de Graça Martins


Lisboa, 20.4.10