Chega a doer olhar-te de tão pertoprimeiro só tocar o infinitoda distância - depois em toda a parteestar por dentro dela em ti - aíonde a dor de te olhar se fará diaou o tempo agora ama e deita carnede regresso ao imenso sol vazioque em tudo o que acontece permanecemortal nascente branca - e água e puratransparência da ausência mais extremapor onde morre e nasce enquanto pulsaem cada veia todo o universoChega a doer olhar-te de tão pertoousar a eternidade a tempo abertoMiguel Serras PereiraTODO O ANO, Limiar, 1990