terça-feira, 16 de setembro de 2008

Poema de PAULO DA COSTA DOMINGOS

Vivo no bulício da cidade como num enclave e conjuro ao diálogo mortos notáveis, para o que, nem havendo entendimento ou apreço, escrevo. Moderado na escavação das ruínas... que quem muito viveu, gozou e depois partiu não está agora para versos e grandes conversas. Uma dobra que ficou mais vincada na folha, sombreando triângulos no papel, a dois tons, solta frases, interrompidas, e ao desdobrá-la desdobramo-las - o sério na galhofa, a mofa mitigando a dor. Que riam de nós à vontade! Se já ninguém chega à nascente que não seja pela torneira, ou à terra lavrada que não dê com insecticida, e ao grão que não venha em lata, e do leite nem se fala: só vaporizado - então entrego-me à passagem desses anjos ( os últimos), sobrevoo vigilante o covil do amor.
NAS ALTURAS, Frenesi, Lisboa 2006

5 comentários:

  1. bello...e para ti...
    "Velas do meu pensamento
    aonde me quereis levar?"...

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  2. Graça... mas eu só faço anos amanhã!
    Parabéns pelo blog, está a crescer bem.
    Paulo da Costa Domingos

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  3. Fazes anos amanhã, dia nacional da interdição dos bordéis, mas há uns 36 anos que fazemos da vida um bordel de portas escancaradas a quem vier por bem, meu velho.
    (Nota: Graça/Isabel era chato meter isto por baixo da porta do blog. Deixa-me pregar-lhe a partida aqui ;) Obrigado pela cumplicidade)

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  4. Paulo
    Então é hoje o teu dia!!!
    Sabia que eras Virgem, só de signo, claro...
    Um dia abençoado pela Nossa Senhora das Letras...
    Parabéns e obrigada pelas tuas palavras.

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  5. Fallorca
    Cuida do rapaz e saúde para continuares/continuarem a viver de portas escancaradas e, em fuga do rebanho.
    A carneirada é muita e sendo jovem é pior. Fica patético.

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