MANUEL ANTÓNIO PINA
NA BIBLIOTECAO que não pode ser ditoguarda um silênciofeito de palavrasdiante do poema, que chega sempre demasiadamente tarde,quando já a incertezae o medo se consomemem metros alexandrinos.Na biblioteca, em cada livro,em cada página sobre sirecolhida, às horas mortas em quea casa se recolheu tambémvirada para o lado de dentro,as palavras dormem talvez,sílaba a sílaba,o sono cego que dormiram deuses.Aí, onde não alcançam nem o poetanem a leitura,o poema está só.E, incapaz de suportar sózinho a vida, canta.CUIDADOS INTENSIVOS, Afrontamento, Porto, 1994
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