quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Cinema Passos Manuel 22horas -Porto
nos dias 13, 20 e 27 de Novembro e 4 de Dezembro.
Sempre às quintas. 7 artistas por dia. 4 x 7 = 28 artistas. Cada apresentação terá entre 7 a 12 minutos.Uma sala sempre às escuras, com público e poucos meios técnicos. A sala terá de estar sempre em completo negro. O único momento de luz é o intervalo entre apresentações dos artistas.A divulgação será feita com maçãs que serão distribuídas como flyers comestíveis e com quadros negros espalhados pela cidade. Quadros-cartazes efémeros pintados a giz.
Na primeira sessão vai estar presente o artista valter hugo mãe.


DISPONÍVEL PARA AMAR de Wong Kar Wai

terça-feira, 11 de novembro de 2008

DISPONÍVEL PARA AMAR
de WONG KAR WAI
Título Original: "In The Mood For Love" (2000)
Realização: Wong Kar Wai
Argumento: Wong Kar Wai
Actores: Tony Leung Chiu Wai - Chow Mo-wanMaggie Cheung
- Su Li-zhen ChanPing Lam Siu - Ah Ping
O realizador Wong Kar-Wai estabeleceu-se como um cineasta autor. Através da cor e da luminosidade constrói toda uma narrativa baseada nos simbolismos que daí advêm criando o seu próprio estilo. Cada cena é meticulosamente ensaiada e posteriormente filmada de forma a obter exactamente aquilo que visualmente pretende. É um daqueles cineastas perfeccionistas que assumem o cinema como forma de arte.Disponível Para Amar trata do amor platónico entre dois seres, Su Lin (Maggie Cheung) e Chow (Tony Leung). São vizinhos, ambos foram traídos pelos respectivos cônjuges e ambos não se podem ter um ao outro... É esta a premissa de um dos melhores e mais originais romances da história do cinema, filmado com mestria pelo mestre da arte visual, Wong Kar-Wai.Baseado nesta premissa, poderia ser apenas mais um filme romântico. No entanto, as interpretações, as situações vividas e os pequenos detalhes desenrolam a narrativa duma forma única e visualmente cativante. Wong Kar-Wai cria um mundo visual onde cada frame corresponde a uma fotografia de uma beleza rara. É um filme que vive sobretudo da insinuação em detrimento da concretização. Há um enorme amor entre Lin e Chow, fortíssimo mesmo, mas em última análise impossível de concretizar.As performances dos dois actores são sublimes, sendo capazes de transmitir uma sensualidade e desejo quase cerebrais, fruto de uma relação platónica, baseada na sugestão. Apesar dos protagonistas falarem muito pouco em cada cena, conseguem transmitir ao espectador a crescente paixão e emoção entre eles, cada vez que aparecem juntos no ecrã.A estética do filme é desenvolvida através do uso extremo da luz e cor, tendo, portanto, a música um papel preponderante, na criação do ambiente. Com poucos diálogos e uma montagem quase marginal, Wong Kar-Wai repete alguns temas musicais, em determinadas cenas, para enfatizar o estado emocional dos protagonistas e suportar a bela fotografia.Realizado a partir de um argumento quase inexistente e privilegiando a improvisação, Disponível Para Amar é considerado por muitos como a obra-prima do realizador de Hong-Kong. Poderá, no entanto, ser um filme de difícil visualização, uma vez que é único na abordagem artística que faz ao género romance, tantas vezes destruído pelos clichés lamechas dos homónimos americanos do género. Para ser visto com disposição e atenção.
® Sérgio Lopes
SESSÃO DE POESIA DA POETRIA

POETAS ALEMÃES

A extensão e a qualidade dos poetas alemães é tão arrebatadoramente bela, profunda, balsâmica ! Há grande poesia para além de Rilke, Holderlin, Goethe, Brecht...
A Livraria Poetria quer surpreender uma vez mais, com estes poetas de eleição, lúcidos até à loucura, puros de paixão e de infortúnio, "anjos do desespero" balbuciando o mistério da Natureza, a imensa terra, o céu sublime...
Desta vez acontecerá no Teatro da Vilarinha que partilhará as receitas de bilheteira (5 €) com a Poetria, no próximo dia 14, pelas 21,45 h., com direito a disfrutar de mais duas outras sessões de poesia: "Palavras para que vos quero", por Rui Spranger, no dia 13, e "Ruy Belo e Carlos Drummond de Andrade", por Manuel Cintra, no dia 15 (à mesma hora).
Para quem não conhece o emblemático Teatro da Vilarinha, será uma maravilhosa ocasião para conhecerem este maravilhoso espaço ao mesmo tempo festivo e eminentemente cultural. Eis o endereço:
Rua da Vilarinha, 1386 Porto. Fica na Estrada da Circunvalação e para lá chegar podem tomar os autocarros 205 ou 501.
Reservas: 222023071 (Poetria); 226108924 (Teatro da Vilarinha)





sábado, 8 de novembro de 2008

Foto de ANNIE LEIBOVITZ por SUSAN SONTAG


Foto de SUSAN SONTAG por ANNIE LEIBOVITZ


A Photographer's Life 1990-2005

ANNIE LEIBOVITZ


A Photographer's Life

O livro de Annie Leibovitz não é só o trabalho fabuloso de uma fotógrafa. É, também, o percurso de uma vida e o retrato do amor. Momentos brilhantes e dramáticos de extrema cumplicidade com a escritora Susan Sontag: escritos, viagens,o estúdio, o rosto de uma e de outra, a família. O tempo que passa, durante cerca de 15 anos em comum, a doença e a morte de Sontag.
"Sempre que se fotografa algo, aprende-se alguma coisa"

Annie Leibovitz






FOTOS DE FAMOSOS PELA FAMOSA ANNIE LEIBOVITZ

Catherine Deneuve keith Haring

Brad Pitt LeonardoDicaprio

Jonh Mayer Angelina Jolie






ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO ENAMORAMENTO

Palavras de FRANCESCO ALBERONI

FACTORES EXTERNOS

No enamoramento tomamos nas nossas próprias mãos o nosso destino de indivíduos. Libertamo-nos dos condicionamentos da família, do ambiente social. Procuramos um caminho nosso. Mas às vezes estas forças sociais censuram-nos, forçam-nos a regressar àquilo que nós éramos. Então o amor desaparece.

ENFRAQUECER O OUTRO

O enamoramento baseia-se na igualdade e na valorização recíproca. Se um deles procura fazer baixar o outro, mata o amor. No enamoramento nenhum dos dois deve deixar que o outro lhe ponha os pés em cima, o domine, o oprima, porque o enamoramento é igualdade e liberdade, e se eu não reivindicar a minha dignidade e o meu valor, se não defender a minha personalidade, não só me atraiçoo a mim mesmo como também atraiçoo o outro, que me escolheu por aquilo que sou.

PAIXÃO VEM DE PADECER, SOFRER.

O amor-paixão é como uma loucura, como uma doença da qual nos defendemos. Por isso, a tradição imaginou que talvez dependesse de um filtro. Ludovico Ariosto, em Orlando Furioso, diz que na floresta de Ardenna existem duas fontes: uma do amor e outra do ódio. Se alguém beber da fonte do amor enamorar-se-á da primeira pessoa que encontrar. Orlando bebe da fonte do amor e enamora-se de Angélica.
Também no mito de Tristão e Isolda o enamoramento é devido a um filtro de amor.
Francesco Alberoni, AMO-TE



DESEJO DE BELEZA PARA SI E PARA O OUTRO

O EROTISMO NO ENAMORAMENTO

No enamoramento, o nosso erotismo, a nossa sexualidade, tornam-se paroxísticos, extraordinários. O corpo da pessoa amada parece-nos divino, sagrado e só nos queremos unir a ele num só. Os enamorados podem viver dias e dias abraçados, a fazer amor. E o seu desejo, mal acaba de ser satisfeito, torna-se mais forte do que antes. Nós estamos habituados a pensar no desejo como na comida, no beber, no dormir, nos quais o desejo, uma vez satisfeito, se acalma, desaparece. Toda a psicanálise concebe o desejo como uma tensão que se descarrega. Pelo contrário, no estado nascente amoroso nós queremos amar mais, desejamos desejar mais. A felicidade não é procurada na descarga da tensão, mas sim no seu aumento, no seu perene acréscimo*.
Por vezes, o enamoramento começa como obsessivo, irresistível desejo sexual. E só depois se revela como paixão amorosa.
Francesco Alberoni, AMO-TE
*Uma preciosa descrição do erotismo amoroso de Sasha Weitman. Caracteriza-se por: agrado,natureza, jocosidade, generosidade, prazer de dar, desejo de beleza para si e para o outro.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008











O CIÚME

Francesco Alberoni






Os ciúmes não são um furto. Não somos ciumentos porque nos seja tirada qualquer coisa que consideramos nossa. Nós não somos ciumentos da pessoa que nos é raptada, nem do raptor. Nós só temos ciúmes quando é a própria pessoa que amamos a deixar-se raptar, seduzir, levar por outro, quando o prefere a nós. Os ciúmes são sempre uma traição da exclusividade.
Ciumento é aquele que se apercebe que, com razão ou não, ele não é o único, o exclusivo, para a pessoa amada, tal como ela o é para ele. Que ela encontra noutra pessoa o valor que devia ter encontrado só nele. (...) Sente-se nada, precisamente porque ela lhe ensinara que era tudo. Porque o exaltara até onde nunca pensara elevar-se. E agora tira-lhe a primogenitura acabada de conceder, derruba-o do trono a que o associara. Expulsa-o do paraíso, mergulha-o no abismo e ergue outro no seu lugar.
Algumas vezes no amor nascente, os ciúmes estimulam a vontade. Levam o enamorado a lutar pelo seu amor. Isto acontece quando há esperança.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

ENJOY THE SILENCE


Sou por aqueles que caminham em frente com toda a terra,
Que nomeiam um para nomear todos. WALT WHITMAN

OBAMA O AMERICANO

WALT WHITMAN
FOLHAS DE ERVA /LEAVES OF GRASSE

(...) Os adormecidos são muito belos, deitados e nus,
De mãos dadas fluem sobre toda a terra desde o oriente ao ocidente quando estão deitados e nus, O asiático e o africano de mãos dadas, o europeu e o americano de mãos dadas,
Instruídos e incultos de mãos dadas, e o homem e a mulher de mãos dadas,
O braço nu da rapariga cruza o peito nu do amante, estreitam-se sem luxúria, os lábios dele no pescoço dela,
O pai estreita o filho crescido ou não nos seus braços com um amor sem limites, e o filho estreita o pai nos seus braços com um amor sem limites,
O cabelo branco da mãe brilha no pulso branco da filha,
A respiração do rapaz acompanha a respiração do homem, o amigo está nos braços do amigo,
O estudante beija o mestre, e o mestre beija o estudante, o lesado deixa de o ser,
O apelo do escravo é o apelo do senhor, e o senhor saúda o escravo, (...)

«No amor vence quem foge»

Ludovico Ariosto

terça-feira, 28 de outubro de 2008

HÁ POR TODO O LADO MÁQUINAS PRODUTORAS OU DESEJANTES, MÁQUINAS ESQUIZOFRÉNICAS
máquinas de máquinas, com as suas ligações e conexões.


GILLES DELEUZE
FÉLIX GUATTARI

O anti-édipo
CAPITALISMO E ESQUIZOFRENIA

AS MÁQUINAS DESEJANTES
Isto funciona por toda a parte: umas vezes sem parar, outras descontinuamente. Isto respira, isto aquece, isto come. Isto caga, isto fode. Mas que asneira ter dito o isto (*). O que há por toda a parte são mas é máquinas, e sem qualquer metáfora: máquinas de máquinas, com as suas ligações e conexões. Uma máquina-orgão está ligada a uma máquina-origem: uma emite o fluxo que a outra corta. O seio é uma máquina de produzir leite e a boca uma máquina que se liga com ela. A boca do anoréxico hesita entre uma máquina de comer, uma máquina de falar, uma máquina de respirar (ataque de asma). é assim que todos somos «bricoleurs» (**), cada um com as suas pequenas máquinas. Uma máquina-orgão para uma máquina-energia, e sempre fluxos e cortes. O presidente Schreber tem raios de sol no cu. Ânus solar. E podem ter a certeza que isto funciona. O presidente Schreber sente qualquer coisa, produz alguma coisa, e é capaz de o teorizar. Algo se produz: efeitos de máquinas e não metáforas.
O passeio do esquizofrénico: é um modelo muito melhor que o neurótico deitado no divã. Um pouco de ar livre, uma relação com o exterior. Por exemplo, o passeio de Lenz reconstituído por Büchner. É algo de muito diferente dos momentos em que Lenz (1) está em casa do seu bom pastor que o obriga a tomar uma posição social em relação ao Deus da religião, em relação ao pai e à mãe. Nas montanhas, pelo contrário, sob a neve, ele está com outros deuses ou sem deus nenhum, sem família, sem pai nem mãe, com a natureza. «Que quer o meu pai? É impossível que ele me possa dar algo melhor. Deixem-me em paz». Tudo é máquina. Máquinas celestes, as estrelas ou o arco-íris, máquinas alpestres que se ligam com as do corpo. Barulho ininterrupto de máquinas. «Pensava que devia ser um sentimento de uma infinita beatitude o ser tocado pela vida profunda de qualquer forma, ter uma alma para as pedras, os metais, a água e as plantas, acolher em si todos os objectos da natureza, sonhadoramente, como as flores absorvem o ar com o crescimento e o minguar da lua».(...) Não vive a natureza como natureza, mas como processo de produção. Já não há nem homem nem natureza, mas unicamente um processo que os produz um no outro, e liga as máquinas. Há por todo o lado máquinas produtoras ou desejantes, máquinas esquizofrénicas, toda a vida genérica: eu e não-eu, exterior e interior, já nada querem dizer.
Continuação do passeio do esquizofrénico, quando as personagens de Beckett decidem sair. é preciso ver, em primeiro lugar, como o seu percurso variado é já uma máquina minuciosa. E depois, a bicicleta: que relação há entre a máquina bicicleta-buzina e a máquina mãe-ânus?«Que descanso falar de bicicletas e de buzinas. Infelizmente não é disto que se trata mas daquela que me deu à luz, pelo buraco do cu, se não me engano»(...)
(*) Ça no original. Em francês é possível fazer um jogo polissémico entre o Ça (isto) e o Ça freudiano (id), jogo que é impossível manter em português.
(**)Bricolage, é uma palavra intraduzível em português que designa o aproveitamento de coisas usadas, partidas, ou cuja utilização se modifica adoptando-as a outras funções.
(1) Conforme o texto de Büchner, Lenz, tradução francesa Ed. Fontaine
Gilles Deleuze - Filósofo
Félix Guattari - Psicanalista
O anti-édipo, Capitalismo e Esquizofrenia, edições Assírio & Alvim, 1972, Lisboa
Tradução de : Joana Morais Varela e de: Manuel Maria Carrilho


A Livraria Poetria realiza uma sessão de poesia intitulada "A Arte de Jorge de Sena" no próximo dia 30 pelas 21,30, no Café Progresso, Porto.
Jorge de Sena, figura maior da literatura portuguesa, será revisitado através da sua imensa obra. Mas o Porto, as suas ruas e os seus plátanos também serão aqui convocados e uma vez mais tocados pela graça e a primordial voz da poesia.
Participação e testemunho de António Rebordão Navarro e Sérgio Lopes, sobrinho do poeta.

domingo, 26 de outubro de 2008

ARTE OU MODA?

AS INSTALAÇÕES EXTRAORDINÁRIAS DE JAKE & DINOS CHAPMAN

O ARTISTA PORTUGUÊS QUE MAIS ADMIRO

JULIÃO SARMENTO

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Quatro desenhos de RUI EFFE





DESPOJOS DE UMA TRAGÉDIA DE FREDERICO NIETZSCHE

(...)

Corre a vida sem parar e os melhores amigos não sabem nada um do outro. Não é pequena habilidade viver sem que me deixe dominar pela melancolia. Frequentemente, atravesso estados nos quais quisera contrair um empréstimo com o meu velho, forte, florescente e valoroso amigo Rhodes, estados em que necessitaria duma transfusão de sangue - de sangue de leão e não de cordeiro! - e encontro-me perante o impossível, pois o meu amigo está em Tübingen, casado e rodeado de livros, isto é, inacessível para mim, por todos os motivos. Vejo, então - ai, meu amigo!- que tenho que continuar vivendo à custa das minhas próprias «reservas», ou seja (como sabem todos quantos hajam pretendido fazer idêntica experiência) bebendo o meu próprio sangue. Quando isto acontece, é preciso cuidar de não perder a sede de si mesmo, mas também de não esgotar por completo o rubro licor vital.

(...)