domingo, 9 de janeiro de 2011

3 registos diferentes a propósito do meu trabalho plástico

3 Olhares sobre a exposição
BROKEN HEARTS BLOODY HEARTS
(Galeria JOÃO PEDRO RODRIGUES)
João Borges ( texto para o catálogo de Graça Martins - 29 de Outubro de 2010)

Valter Hugo Mãe ( JL de 17 de Novembro de 2010)

Isabel de Sá ( Revista Bombart - nº11 Novembro/Dezembro de 2010)

Palavras de João Borges

Estamos perante um universo de desencontros, nos vários sentidos que esta palavra pode ter. Desencontros com as convenções sociais, o desencontro com o consciente que representa o sono, o desencontro entre pessoas e o desencontro próprio, da vida quando interceptada pela morte, em verdadeiras situações limite. E o que une estes desencontros, senão aquilo que temos dentro de nós: afectos, sentimentos, ideias, defesas? É este um dos pontos mais interessantes da pintura de Graça Martins: numa pose quase psicanalítica, ela mostra-nos como o que está dentro de nós pode salvar-nos ou destruir-nos, e não há nada mais violento. (...)

Palavras de Valter Hugo Mãe

Os quadros da Graça Martins sugerem-nos, por vezes, a ilusão da efemeridade por serem tão assentes no desenho e na sua filigrana por aludirem à fragilidade, à vulnerabilidade, à necessidade de cuidar ou de amar alguém. Expõe duas séries, uma com alguns anos, em que protagoniza um menino muito novo, e outra mais recente, em que protagoniza um jovem. De comum, mantém o lado floral e vulnerável, de distinto, o dramatismo acentuando-se no jovem, que pode mesmo ser visto, na tela My killer my lover, assassinado e ensanguentado Se o amor é o grande predador, ou se somos nós próprios o nosso grande predador por enfraquecermos às mãos de alguém, será tópico que a Graça Martins explora, magoando pela junção muito impressiva da tragédia do belo. A beleza encantatória das suas imagens é ferida pela eminência da lâmina, pelo borrão do sangue, pela cal da pele no corpo já desabitado. O que mais me fascina no excelente trabalho da Graça Martins é o modo como nos deslumbra com aquilo que, afinal, é assustador. Assusta-nos mais ainda por ser hábil a fazê-lo com o isco da beleza, como se não fôssemos capazes de deixar de nos apaixonarmos, pelas suas figuras, pela cor, pela precisão obstinada do traço do pincel. (...)

Palavras de Isabel de Sá

A obra de Graça Martins é perfeccionista, rigorosa até ao limite, exalta a beleza, a sensualidade e a paixão tal como o drama - mas sempre com elegância e requinte. Há uma poética pairando sobre os rostos, o corpo e todos os elementos usados no seu vocabulário pessoal.(...)

"MUTILA-SE O OBJECTO DE DESEJO OU A FONTE DO PECADO..."

Lacan ????

Palavras de LAURO ANTÓNIO

As palavras mais sensíveis que li nestes dias a propósito da morte do jornalista Carlos Castro e da tragédia que envolve essa morte.

sábado, 8 de janeiro de 2011

MAGRITTE


CLARICE LISPECTOR

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. ...Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: Quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

UM NOVO ESPAÇO NO PORTO - Peças de HELENA CARDOSO e outros DESIGNERS.

no feminino com

RESTAURANTE /CAFÉ
LIVRARIA & PEÇAS DE AUTOR
Praça Carlos Alberto, 89
www.nofemininocom.pt
Foto de César Romão

figuras femininas no painel

Guilhermina Suggia
Aurélia de Sousa
Dona Antónia Adelaide Ferreira
Rosa Ramalho
Carolina Michaelis
Uma Mulher do Povo
Sophia de Mello Breynner Andresen















PARIS MON AMOUR



sábado, 1 de janeiro de 2011

HAMLET de SHAKSPEARE - a Rainha comunica o afogamento de OFÉLIA.

Entra a Rainha.

RAINHA

Uma desgraça nunca vem só!
Uma doutra logo vem no encalço
E logo a seguir: Vossa irmã, Laertes, afogou-se.

LAERTES

Afogada!? Oh! Aonde?

RAINHA

Há um salgueiro à beira de um regato
No cristal da corrente espelhando encanecidas folhas;
Aí foi ela dar com estranhas grinaldas
De rainúnculos, urtigas, margaridas
E das grandes flores purpúreas a que os pastores
De língua solta dão um nome feio
E as nossas raparigas chamam dedos de mortos;
Sua estranha fantástica coroa,
Quebrou-se um tronco invejoso
E ela e seus trofeus floridos
Caíram no regato em pranto!
Enfunaram-se-lhe os vestidos sustendo-a e
Qual nova sereia, cantava velhos cantares,
Pedaços de canções antigas, sempre alheada
De por onde ia ou como criatura
Nativa dessas águas. Mas não foi longe:
Suas vestes empapadas de água
Levaram donzela e seus melodiosos lais
À morte no lodo.

(Quarto acto, Hamlet de Shakespeare, tradução de José Blanc De Portugal, Editorial Presença, 1973


OFÉLIAS E "OFÉLIOS" personagens dos meus quadros desde os anos 70. Figuras deitadas, adormecidas em sonos profundos.


O meu "OFÉLIO" do Séc. XXI - 2008


Uma OFÉLIA tapada por asa de libélula Fundação Escultor José Rodrigues - Porto


Catálogo da Exposição de Pintura Metamorfoses - Galeria Roma e Pavia de Fernando Marques de Oliveira - 1982

Os meus OFÉLIOS dos anos 80 - desenho do catálogo Metamorfoses


Poema publicado no catálogo Metamorfoses de Graça Martins

Ela vem do exterior, arrasta tumultos, ideias, um frágil ramo de árvore. A vida confusa, dividida. Aquilo que é interior e nasce involuntáriamente. Violetas deixadas em água, o desenho incompleto para sempre inútil.
Dizia: Tenho que organizar. Como um esquema. São fotografias. Catalogar. O tempo. Perco-me. Um pormenor, muitas vezes só um pormenor. Não sei como sair de tantos fios.
O instante poético abre caminhos, a fita de veludo prende uma chave. Máscaras de cal quase gesso de tão pouco móveis. Lábios de carmim. Objectos de infância e de morte.
Debruçava-se sobre a imensa folha - redemoinho impossível. A música. O insecto azul-violeta fixo de encontro à parede. A moldura doirada e negra. Um sinal fúnebre. A asa de veludo em relevos aquáticos; o tom insidiosamente devorado pela luz. A bola de cristal ainda na memória.
1981
ISABEL DE SÁ

Os meus "OFÉLIOS" dos anos 80 - Linhas aquáticas em lentas metamorfoses.










Ainda uma atmosfera de morte...e metamorfose


Mais OFÉLIAS - Anos 70







O meu "OFÉLIO" dos anos 70


A minha OFÉLIA dos anos 70







Uma OFÉLIA do Séc.XX - Kiley Minogue na imagem


A OFÉLIA mais bela pintada por John Everett Milais - Sempre persegui esta imagem ao longo do meu trabalho plástico. Pinturas - Desenhos.






















quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sábado 11 de Dezembro - Acontecimento mediático e feminista

Lisboa
lançamento do livro "Novas Cartas Portuguesas"
Sáb 11 Dez 18:30 Livraria LeYa na Barata

Sessão de lançamento do livro "Novas Cartas Portuguesas"
(Dom Quixote),
de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa.

sábado, 4 de dezembro de 2010

pastelaria

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante ?
ele há tanta maneira de compor uma estante!

Afinal o que importa é não ter medo:fechar os olhos frente
ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora ? ah, lá fora! ? rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra


Mário Cesariny

ARTE DIGITAL de RAY CAESER