quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
sábado, 15 de janeiro de 2011
MEDITAÇÃO COM NATUREZA MORTA
a Fátima Maldonado
a toalha de mesa surge no primeiro plano
e a pálpebra semiaberta de um fruto perde-se
no amargo traço de uma boca que assinala
o tempo
organizo
os frutos em sequência de cor
primeiro os azuis cobalto e os negros depois
os amarelos das ardentes fúcsias evocam
misteriosas presenças
pouso os pincéis perto da janela
avisto uma folha de revista à chuva e
no vento três pêssegos movem-se
ao fundo
as mãos líquidas revelando quem medita
sentado sob o melancólico pes da luz
que constroi e define a casa
Al Berto
O MEDO, Contexto, Lisboa, 1987
a toalha de mesa surge no primeiro plano
e a pálpebra semiaberta de um fruto perde-se
no amargo traço de uma boca que assinala
o tempo
organizo
os frutos em sequência de cor
primeiro os azuis cobalto e os negros depois
os amarelos das ardentes fúcsias evocam
misteriosas presenças
pouso os pincéis perto da janela
avisto uma folha de revista à chuva e
no vento três pêssegos movem-se
ao fundo
as mãos líquidas revelando quem medita
sentado sob o melancólico pes da luz
que constroi e define a casa
Al Berto
O MEDO, Contexto, Lisboa, 1987
não
não tenho medo de morrer aqui
nem receio os cães velocíssimos de guarda
ás azenhas não reveladas de teu corpo...
...medo da memória
sim...receio que as cabeças tristes dos galgos
aqueçam na fulguração breve dos relâmpagos
e corram repentinamente para fora do papel fotográfico
destruindo estes preciosos trabalhos do olhar...
Al Berto
não tenho medo de morrer aqui
nem receio os cães velocíssimos de guarda
ás azenhas não reveladas de teu corpo...
...medo da memória
sim...receio que as cabeças tristes dos galgos
aqueçam na fulguração breve dos relâmpagos
e corram repentinamente para fora do papel fotográfico
destruindo estes preciosos trabalhos do olhar...
Al Berto
O MEDO, Contexto, Lisboa, 1987
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
2
a escrita é a minha primeira morada de silêncio
a segunda irrompe do corpo movendo-se por trás das palavras
extensas praias vazias onde o mar nunca chegou
deserto onde os dedos murmuram o último crime
escrever-te continuamente...areia e mais areia
construindo no sangue altíssimas paredes de nada
esta paixão pelos objectos que guardaste
esta pele-memória exalando não sei que desastre
a língua de limos
espalhávamos sementes de cicuta pelo nevoeiro dos sonhos
as manhãs chegavam como um gemido estelar
e eu perseguia teu rasto de esperma à beira-mar
outros corpos de salsugem atravessam o silêncio
desta morada erguida na precária saliva do crepúsculo
Al Berto
a escrita é a minha primeira morada de silêncio
a segunda irrompe do corpo movendo-se por trás das palavras
extensas praias vazias onde o mar nunca chegou
deserto onde os dedos murmuram o último crime
escrever-te continuamente...areia e mais areia
construindo no sangue altíssimas paredes de nada
esta paixão pelos objectos que guardaste
esta pele-memória exalando não sei que desastre
a língua de limos
espalhávamos sementes de cicuta pelo nevoeiro dos sonhos
as manhãs chegavam como um gemido estelar
e eu perseguia teu rasto de esperma à beira-mar
outros corpos de salsugem atravessam o silêncio
desta morada erguida na precária saliva do crepúsculo
Al Berto
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
CLUBE 3C - PORTO
Mais um espaço lindo e cool na cidade do Porto.
Já todos sabem que ADORO LISBOA, e a forma de estar, mais cosmopolita...
mas fico feliz, quando a cidade onde vivo revela sinais de cultura urbana.
Este espaço tem a particularidade de ter sido decorado pela estilista HELENA CARDOSO, a mesma do espaço no feminino com
CLUBE 3C - RUA CÂNDIDO DOS REIS, 18
www.clube3c.pt
CLUBE 3C - RUA CÂNDIDO DOS REIS, 18
www.clube3c.pt
domingo, 9 de janeiro de 2011
3 registos diferentes a propósito do meu trabalho plástico
3 Olhares sobre a exposição
BROKEN HEARTS BLOODY HEARTS
(Galeria JOÃO PEDRO RODRIGUES)
João Borges ( texto para o catálogo de Graça Martins - 29 de Outubro de 2010)
Valter Hugo Mãe ( JL de 17 de Novembro de 2010)
Isabel de Sá ( Revista Bombart - nº11 Novembro/Dezembro de 2010)
BROKEN HEARTS BLOODY HEARTS
(Galeria JOÃO PEDRO RODRIGUES)
João Borges ( texto para o catálogo de Graça Martins - 29 de Outubro de 2010)
Valter Hugo Mãe ( JL de 17 de Novembro de 2010)
Isabel de Sá ( Revista Bombart - nº11 Novembro/Dezembro de 2010)
Palavras de João Borges
Estamos perante um universo de desencontros, nos vários sentidos que esta palavra pode ter. Desencontros com as convenções sociais, o desencontro com o consciente que representa o sono, o desencontro entre pessoas e o desencontro próprio, da vida quando interceptada pela morte, em verdadeiras situações limite. E o que une estes desencontros, senão aquilo que temos dentro de nós: afectos, sentimentos, ideias, defesas? É este um dos pontos mais interessantes da pintura de Graça Martins: numa pose quase psicanalítica, ela mostra-nos como o que está dentro de nós pode salvar-nos ou destruir-nos, e não há nada mais violento. (...)
Palavras de Valter Hugo Mãe
Os quadros da Graça Martins sugerem-nos, por vezes, a ilusão da efemeridade por serem tão assentes no desenho e na sua filigrana por aludirem à fragilidade, à vulnerabilidade, à necessidade de cuidar ou de amar alguém. Expõe duas séries, uma com alguns anos, em que protagoniza um menino muito novo, e outra mais recente, em que protagoniza um jovem. De comum, mantém o lado floral e vulnerável, de distinto, o dramatismo acentuando-se no jovem, que pode mesmo ser visto, na tela My killer my lover, assassinado e ensanguentado Se o amor é o grande predador, ou se somos nós próprios o nosso grande predador por enfraquecermos às mãos de alguém, será tópico que a Graça Martins explora, magoando pela junção muito impressiva da tragédia do belo. A beleza encantatória das suas imagens é ferida pela eminência da lâmina, pelo borrão do sangue, pela cal da pele no corpo já desabitado. O que mais me fascina no excelente trabalho da Graça Martins é o modo como nos deslumbra com aquilo que, afinal, é assustador. Assusta-nos mais ainda por ser hábil a fazê-lo com o isco da beleza, como se não fôssemos capazes de deixar de nos apaixonarmos, pelas suas figuras, pela cor, pela precisão obstinada do traço do pincel. (...)
Palavras de Isabel de Sá
A obra de Graça Martins é perfeccionista, rigorosa até ao limite, exalta a beleza, a sensualidade e a paixão tal como o drama - mas sempre com elegância e requinte. Há uma poética pairando sobre os rostos, o corpo e todos os elementos usados no seu vocabulário pessoal.(...)
Palavras de LAURO ANTÓNIO
As palavras mais sensíveis que li nestes dias a propósito da morte do jornalista Carlos Castro e da tragédia que envolve essa morte.
sábado, 8 de janeiro de 2011
CLARICE LISPECTOR
"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. ...Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: Quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
O Livro dos Amantes
IX
Pusemos tanto azul nessa distância
ancorada em incerta claridade
e ficamos nas paredes do vento
a escorrer para tudo o que ele invade.
Pusemos tantas flores nas horas breves
que secam folhas nas árvores dos dedos.
E ficámos cingidos nas estátuas
a morder-nos na carne dum segredo.
Pusemos tanto azul nessa distância
ancorada em incerta claridade
e ficamos nas paredes do vento
a escorrer para tudo o que ele invade.
Pusemos tantas flores nas horas breves
que secam folhas nas árvores dos dedos.
E ficámos cingidos nas estátuas
a morder-nos na carne dum segredo.
Natália Correia
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
UM NOVO ESPAÇO NO PORTO - Peças de HELENA CARDOSO e outros DESIGNERS.
no feminino com
RESTAURANTE /CAFÉ
LIVRARIA & PEÇAS DE AUTOR
Praça Carlos Alberto, 89
www.nofemininocom.pt
Foto de César Romão
figuras femininas no painel
Guilhermina Suggia
Aurélia de Sousa
Dona Antónia Adelaide Ferreira
Rosa Ramalho
Carolina Michaelis
Uma Mulher do Povo
Sophia de Mello Breynner Andresen




RESTAURANTE /CAFÉ
LIVRARIA & PEÇAS DE AUTOR
Praça Carlos Alberto, 89
www.nofemininocom.pt
Foto de César Romão
figuras femininas no painel
Guilhermina Suggia
Aurélia de Sousa
Dona Antónia Adelaide Ferreira
Rosa Ramalho
Carolina Michaelis
Uma Mulher do Povo
Sophia de Mello Breynner Andresen
sábado, 1 de janeiro de 2011
HAMLET de SHAKSPEARE - a Rainha comunica o afogamento de OFÉLIA.
Entra a Rainha.
RAINHA
Uma desgraça nunca vem só!
Uma doutra logo vem no encalço
E logo a seguir: Vossa irmã, Laertes, afogou-se.
LAERTES
Afogada!? Oh! Aonde?
RAINHA
Há um salgueiro à beira de um regato
No cristal da corrente espelhando encanecidas folhas;
Aí foi ela dar com estranhas grinaldas
De rainúnculos, urtigas, margaridas
E das grandes flores purpúreas a que os pastores
De língua solta dão um nome feio
E as nossas raparigas chamam dedos de mortos;
Sua estranha fantástica coroa,
Quebrou-se um tronco invejoso
E ela e seus trofeus floridos
Caíram no regato em pranto!
Enfunaram-se-lhe os vestidos sustendo-a e
Qual nova sereia, cantava velhos cantares,
Pedaços de canções antigas, sempre alheada
De por onde ia ou como criatura
Nativa dessas águas. Mas não foi longe:
Suas vestes empapadas de água
Levaram donzela e seus melodiosos lais
À morte no lodo.
(Quarto acto, Hamlet de Shakespeare, tradução de José Blanc De Portugal, Editorial Presença, 1973
RAINHA
Uma desgraça nunca vem só!
Uma doutra logo vem no encalço
E logo a seguir: Vossa irmã, Laertes, afogou-se.
LAERTES
Afogada!? Oh! Aonde?
RAINHA
Há um salgueiro à beira de um regato
No cristal da corrente espelhando encanecidas folhas;
Aí foi ela dar com estranhas grinaldas
De rainúnculos, urtigas, margaridas
E das grandes flores purpúreas a que os pastores
De língua solta dão um nome feio
E as nossas raparigas chamam dedos de mortos;
Sua estranha fantástica coroa,
Quebrou-se um tronco invejoso
E ela e seus trofeus floridos
Caíram no regato em pranto!
Enfunaram-se-lhe os vestidos sustendo-a e
Qual nova sereia, cantava velhos cantares,
Pedaços de canções antigas, sempre alheada
De por onde ia ou como criatura
Nativa dessas águas. Mas não foi longe:
Suas vestes empapadas de água
Levaram donzela e seus melodiosos lais
À morte no lodo.
(Quarto acto, Hamlet de Shakespeare, tradução de José Blanc De Portugal, Editorial Presença, 1973
Poema publicado no catálogo Metamorfoses de Graça Martins
Ela vem do exterior, arrasta tumultos, ideias, um frágil ramo de árvore. A vida confusa, dividida. Aquilo que é interior e nasce involuntáriamente. Violetas deixadas em água, o desenho incompleto para sempre inútil.
Dizia: Tenho que organizar. Como um esquema. São fotografias. Catalogar. O tempo. Perco-me. Um pormenor, muitas vezes só um pormenor. Não sei como sair de tantos fios.
O instante poético abre caminhos, a fita de veludo prende uma chave. Máscaras de cal quase gesso de tão pouco móveis. Lábios de carmim. Objectos de infância e de morte.
Debruçava-se sobre a imensa folha - redemoinho impossível. A música. O insecto azul-violeta fixo de encontro à parede. A moldura doirada e negra. Um sinal fúnebre. A asa de veludo em relevos aquáticos; o tom insidiosamente devorado pela luz. A bola de cristal ainda na memória.
1981
ISABEL DE SÁ
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
sábado, 25 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
LEYA BARATA - Lançamento de NOVAS CARTAS PORTUGUESAS - 11 de Dezembro - LISBOA
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