quinta-feira, 7 de agosto de 2008


Come chocolates, pequena; Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões não ensinam mais que a confeitaria.

Fernando Pessoa, "A Tabacaria".
A PAIXÃO DO CHOCOLATE



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O rei azteca Moctezuma tomava várias chávenas de chocolate antes de ir honrar as mulheres do seu gineceu. Parece, contudo, que o efeito afrodisíaco da bebida vinha não tanto do cacau quanto das especiarias (pimenta, pimento) que então continha. Na Europa, ainda que estas tenham sido substituídas pela baunilha e pela canela no século XVIII, as favoritas dos reis ainda acreditavam nessa virtude do chocolate e abusavam dele para estimular, ou ofereciam-no aos amantes para lhes permitir melhorar o desempenho. Quanto ao Marquês de Sade, foi preso por ter envenenado algumas jovens com pastilhas de chocolate recheadas com cantárida!

Nenhum trabalho científico moderno conseguiu ainda mostrar que os componentes do chocolate (cacau e açucar) são estimulantes sexuais. Tem, sem dúvida, um efeito tónico, antidepressivo e euforizante, mas não é o bastante para se poder falar de virtudes afrodisíacas. No nosso imaginário, no entanto, o CHOCOLATE está sempre ligado ao AMOR.

Autores deste texto: Katherine Khodorowsky (estilista gastronómica) e Hervé Robert (médico nutricionista)