domingo, 26 de junho de 2011

LILLIAS FRASER - HÉLIA CORREIA


Charles foi belo, ainda que por pouco tempo. O seu retrato, àquela época, permite-nos ver uma espécie de iluminação que afinal resultava simplesmente da sua pele de rapazinho quase imberbe. Falam do seu sucesso entre as mulheres. Mobilizou-as para a guerra, é certo, com os seus galanteios; mas também homens lhe cantavam a beleza, ao Bonnie Prince, o lindo príncipe, e isto não teve pouca importância na fatalidade. (...)

Durante o crescimento, há um instante em que o adolescente arruma as lendas que o foram educando na infância. E há depois o instante em que transpõe o portão sem regresso que o conduz para o terreno da maturidade. Entre esses dois momentos, fica o espaço em que tudo é vivido brutalmente, com uma intensidade que parece mais de ordem química que sentimental.

Relógio D'Água, 1ªedição 2001, 2ªedição 2002, Lisboa