sábado, 18 de julho de 2009













Graça Martins, acrílico s/tela, 2009
POEMA DE JOÃO BORGES


O deserto tem este travo
de morte distante, faz-me
anticorpo para o meu corpo,
putrefacto e lento,
desleal ao mundo.

Um dia acordei e era isto.

Acordei tarde e fiquei preso
ao silêncio de ter perdido o dia.
Esperei pela noite
para beber um pouco,
fumar uns cigarros no bar do costume
e passear sózinho
pela alameda às seis da manhã
com a tua casa atrás de mim,
como uma sombra
a sublimar o medo.