segunda-feira, 4 de abril de 2011

2 Poemas de LUÍS MIGUEL NAVA

A POUCO E POUCO



Há entre o coração e a pele cumplicidades para cujo entendimento apenas corpos como o dele às vezes contribuem.

Olhando-o nos olhos não é fácil destrinçar do alcantilado coração a cama onde dormíamos, ao mais pequeno sopro o sol parece evaporar-se.

Por esse coração, ainda que escarpado, era, no entanto, fácil alcançar a pele, o mar à força de bater na rocha ia ficando a pouco e pouco em carne viva.

AO MÍNIMO CLARÃO



Talvez seja melhor não nos voltarmos

a ver, ao mínimo clarão

das mãos a pele se desavém com a memória.

As mãos são de qualquer corpo a coroa.



Das dele já nem sequer o itinerário

sei hoje muito bem, onde o horizonte

se desata o mar agora

regressa ao coração de que faz parte.



Ainda é o mar contudo o que se vê

florir onde ele chegar. Chamando a esse

rapaz rebentação,

o céu rasga-se à volta dos seus ombros.


AS FOTOS DE STEVEN MEISEL

A BELEZA POÉTICA ATRAVESSADA PELA AMBIGUIDADE ...