sábado, 22 de maio de 2010


Ilustração de Cristina Valadas

Poema de Isabel de Sá

A infância é um susto. Sofre as metamorfoses do medo. A infância está calada, move-se como coluna de mármore, como réptil que cresce por detrás do mar.
A infância traz a bandeira da morte. Branca. Tão branca como o sexo dos anjos.
Na infância criam-se ocupações abstractas que mover-nos-ão enquanto vivos. As palavras da infância nunca são palavras. São incompreensão, vazio, sono, doença.
Segundo livro, O Festim das Serpentes Novas, Repetir o Poema, edições Quasi, 2005