sábado, 12 de novembro de 2011
(...) Quem não sabe ocultar não sabe amar: os dúplices e os sinceros, os ingénuos como os sabidos, todos os amantes devem subscrever a validade deste aforismo. O «conquistador» e o amante silencioso vivem duas experiências de dissimulação inversas: o conquistador formula sentimentos que a sua deontologia profissional lhe impede de experimentar, o amante sem «amo-te» cala os sentimentos que sente. A cada um seu disfarce: a tagarelice de um é estratagema de conquistador; o silêncio do outro recusa o destino conjugal que a linguagem atribui ao amor. O libertino dissimula as suas verdadeiras intenções através da linguagem. O amante que se recusa à confissão dissimula a sua vertigem pela linguagem porque sabe que a palavra de amor transforma em pedido a emoção que dele se apoderou. (...)
A Nova Desordem Amorosa, Pascal Bruckner, Alain Finkielkraut, Livraria Bertrand, 1981
Subscrever:
Mensagens (Atom)