domingo, 30 de agosto de 2009

Desenho de RUI PAES
Colecção Particular de Graça Martins

Dois poemas de EUGÉNIO DE ANDRADE

O SORRISO

Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
DE PASSAGEM

Os Dioscuros. Eu vi-os numa praça de Roma, era de noite
levavam os cavalos pela mão. O seu olhar era oblíquo à passagem
das raparigas, mas era um para o outro que sorriam.
OS DIOSCUROS
Desenho de RUI PAES
Colecção Particular de Graça Martins