domingo, 28 de junho de 2009
MICHAEL JACKSON E A SUA FRAGILIDADE NARCÍSICA
A morte de Michael Jackson daria volumes de análise psicanalítica. Mas também um olhar profundo sobre uma sociedade doente e perversa que discrimina a cor da pele, a orientação sexual, as mulheres, os pobres, os gordos, os feios, os psicóticos, etc.
Infelizmente, a fragilidade psíquica de Michael Jackson não suportou o teatro do corpo e a dor atormentou demasiado a sua vida. Neste fio ténue e bordarline construiu-se todo um estilo musical e uma performance única e repleta de erotismo. Ao morrer ainda jovem, porque 50 anos no séc.XXI é a grande energia, ficou definitivamente na História como o REI/KING da POP MUSIC.
Tudo se resumiu a um problema de pele. Alguém que não conseguia viver com a sua pele de origem. Porque sabia que na América de Walt Whitman, da Liberdade, é MENTIRA essa liberdade. Quando não existe a coragem suficiente, a força mental necessária para enfrentar o mundo, a insanidade toma conta do corpo.
Michael Jackson - descansa em paz. Finalmente o MUNDO não vai julgar-te mais. A TUA PROFUNDA SOLIDÃO INTERIOR TERMINOU.
Poema de Isabel de Sá
SERÁ NO PRÓXIMO SÉCULO?
O nosso amor arrasou cidades. Éramos
muito jovens e pensávamos assim.
O mundo pertencia-nos. Ninguém
percebia mas nós vivíamos contra
tudo - era um acto político.
Assim alguns seres no mundo
construíram vidas, amaram
e sofreram isolados, por vezes
espoliados, queimados na fogueira.
Mas o nosso amor resistirá
às fronteiras, aos muros de fogo
e à injustiça. Gostaríamos de viver
o tempo da verdadeira transformação,
da felicidade universal.
O nosso amor arrasou cidades. Éramos
muito jovens e pensávamos assim.
O mundo pertencia-nos. Ninguém
percebia mas nós vivíamos contra
tudo - era um acto político.
Assim alguns seres no mundo
construíram vidas, amaram
e sofreram isolados, por vezes
espoliados, queimados na fogueira.
Mas o nosso amor resistirá
às fronteiras, aos muros de fogo
e à injustiça. Gostaríamos de viver
o tempo da verdadeira transformação,
da felicidade universal.
Poema de Eugénio de Andrade
Nas ervas
Escalar-te lábio a lábio,
percorrer-te: eis a cintura
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso,
descer aos flancos, enterrar
os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta
aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão,
porque é terrível
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve,
abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho-
a glande leve.
Escalar-te lábio a lábio,
percorrer-te: eis a cintura
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso,
descer aos flancos, enterrar
os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta
aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão,
porque é terrível
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve,
abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho-
a glande leve.
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