tentei matar-me no dia onze de julho de dois mil e seis. o sol era intenso mas os meus olhos perderam de tal modo a luz, que a própria faca brilhando se tornou apenas um animal de dentes afiados que me feriu os dedos mas não se deixou apanhar. a morte fugiu-me assim. foi o mais estranho que me aconteceu e pode só isso ser o mais peculiar que tenho para deixar dito, deitando por terra qualquer obra, qualquer outro poema, que soará, seguramente, uma redundância depois que a vida se prolonga para lá do fracasso
(valter hugo mãe, "folclore íntimo"/Cosmorama Edições)