terça-feira, 26 de agosto de 2008


MARGUERITE YOURCENAR




POEMA DE ISABEL DE SÁ

ELOGIO AO AMOR

Encontram-se num bar,
uma era escritora e a outra
master em literatura inglesa.
Ambas nascidas no princípio do século,
viriam juntas a celebrar a vida.
Ainda eu não tinha nascido
e elas fixavam residência
na ilha dos Montes Desertos
para o esplendor e a decadência.
Marguerite preocupada
com o enigmático percurso da vida:
papeis em ordem, placa fúnebre.
Grace
fustigando a morte,
coração queimado pela doença
intrusa.
A privação das viagens foi tormentosa,
a glória e a desolação
foram um só corpo.
É preciso esquecer
que a vida mata e o espelho
reflecte aquilo que somos.
Ficaram as cinzas
no cemitério da Ilha.
DeeDee, a incansável, o ser de excepção.

POEMA DE JOÃO BORGES


AM – PM


Olho a cama onde já não estás. Escrevo nesta máquina onde escreveste. Lembro-me das palavras. Ofereci-te um cigarro.
Agora, fecho-me nos teus olhos, na ilusão de existir contigo. Cada minuto é uma facada. Sou tão atormentado por tudo isto que fico na escuridão.




3 Fotos de Graça Martins, 2008
OBJECTOS DE DESEJO

Instalação de Sarah Lucas
"BEYOND THE PLEASURE PRINCIPLE"
Museu Freud, Londres, 2000



MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO

Eu não sou eu nem sou o outro,

Sou qualquer coisa de intermédio:

Pilar da ponte de tédio

Que vai de mim para o Outro.

Lisboa, Fevereiro de 1914.

Trabalho plástico de CHRISTO