sábado, 12 de junho de 2010

JUP - Jornal Universitário do Porto - Abril/Maio


Poema de JOÃO BORGES - JUP de Abril /Maio

REGRESSO AO PORTO: O AR DA MANHÃ

As gaivotas fustigam a madrugada
no Porto. A luz é branca
e resplandecem as fachadas que se
vêem daqui, do último andar. Alguns prédios
mais altos
rompem o céu límpido. Uma grua
parece suspensa sobre a frente
de Gaia. Da Torre, só o cimo
visível. Algumas árvores mais frondosas
cresceram em sítios
improváveis. O inverno perdeu muito
desta paisagem, daqui a uns dias
a primavera trará o avesso
dessa aridez. Nesta varanda, respiro
o impoluto ar da manhã,
como uma dádiva. Enfrento,
com o coração a dilatar-se,
o berço que não me viu nascer.
Nem por isso é menos berço.
Ou casa.


CANETA DE TINTA PERMANENTE


MADRUGADA