terça-feira, 6 de maio de 2014
Na foto Manuela Matos Monteiro, a principal impulsionadora da Exposição Álbum de Fotografias Portugal 1969-1979, através da rede social Facebook, para a recolha de fotos de uma década, antes e depois do 25 de Abril e Graça Martins. No centro uma foto de Artur (namorado de Graça Martins) com Graça Martins, quando era adolescente e estudante na Faculdade de Belas Artes do Porto, 1972. O ESPAÇO MIRA é um projecto de Manuela Matos Monteiro e João Lafuente e situa-se na zona Oriental da cidade do Porto. Um agrupamente de 11 espaços (antigos depósitos de carvão, perto da estação de Campanhã) dedicados a projectos relacionados com Arquitectura, Arte Contemporânea, Fotografia, Cinema, Artes Performativas, etc.
Graça Martins e José Carlos Teixeira (autor da foto), no centro a foto de 1972. O Beijo do namorado Artur a Graça Martins, aluna do 1ºano da Faculdade de Belas Artes do Porto. José Carlos Teixeira também era aluno da Faculdade de Belas Artes do Porto. Dar um Beijo em público, em 1972 implicava ser convidada a sair do local, expulsa ou Multada!
Curadora Eglantina Monteiro. Álbum de Fotografias Portugal 1969 -1979
A 26 de Abril O MIRA FORUM fez um apelo no facebook pedindo fotografias da década de 1969-1979 em Portugal, para com aquele material fazer uma exposição que desse a ver como se vivia então neste país. Um olhar contemporâneo sobre a década mais decisiva da história recente de Portugal a partir do olhar das pessoas comuns sobre o seu próprio mundo - um tributo aos 40 anos do 25 de Abril.
Trata-se da década da contestação interna, e da reflexão da sociedade sobre si própria, questionando os valores das instituições em geral e da guerra colonial em particular a revolta estudantil de 1969, um ano após o Maio de 68 (...) As canções de protesto, as canções contra a guerra, os cabelos compridos, a liberdade sexual, o uso de estupefacientes e a forma de se vestirem - dos "blusões pretos" aos "teddy-boys", passando pelos "beatniks" e os "hippies" - eram as manifestações mais estridentes da recusa radical das novas gerações -intelectuais e artistas em articulações mais ou menos efectivas com as comissões de moradores e o operariado mais esclarecido - à sociedade de que eram herdeiros. Os objectivos de aspiração desta geração opunham-se ao dos seus progenitores, deslumbrados com o automóvel, os electrodomésticos e as férias. A crítica das novas gerações ao paradigma do crescimento continuado e da evolução tecnológica à custa da apropriação de recursos naturais inesgotáveis, do trabalho do colonizado e das classes analfabetas do campo ou recém-urbanizadas, estendia-se agora ao modo como esta mesma sociedade passara a organizar também o não trabalho. A crítica às formas estereotipadas de distracção e cultura denuncia as novas indústrias da comunicação e o controlo que estas exercem sobre os indivíduos - os programas de televisão, de férias, etc.
As novas gerações criticaram a sociedade de consumo, alienatória na medida em que o indivíduo não pode desenvolver as suas capacidades criadoras, o stablishement crítica e receia os comportamentos evasivos e alienados dos jovens que se organizam em comunas regidas por outras formas sociais.
De uma maneira ou de outra, toda a sociedade projectava mudanças. Implicava-se.
Eglantina Monteiro
Porto, 19 de Abril 2014
(Catálogo da Exposição Álbum de Fotografias Portugal 1969-1979, MIRA FORUM).
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