sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Poema de Federico García Lorca sobre a cidade que NÃO DORME,
A aurora de Nova Iorque tem
quatro colunas de lodo
e um furacão de negras pombas
que chapinham nas águas apodrecidas....
A aurora de Nova Iorque geme
nas escadas imensas
a procurar entre as pedras
nardos de angústia desenhada.
A aurora chega e não há quem a receba na sua boca
pois ali não há manhã nem esperança possível.
Às vezes, em enxames furiosos, as moedas
perfuram e devoram abandonados meninos.
Os primeiros a sair compreendem com os ossos
que não haverá paraíso nem amores desfolhados;
sabem que vão para o lodo de números e leis,
para os jogos sem arte, para suores sem fruto.
A luz é sepultada por correntes e ruídos
num repto impudico de ciência sem raízes.
Nos bairros há pessoas que vacilam insones,
como recém-saídas de um naufrágio de sangue.
LORCA, Nova Iorque num Poeta, Hiena, 1995.
quatro colunas de lodo
e um furacão de negras pombas
que chapinham nas águas apodrecidas....
A aurora de Nova Iorque geme
nas escadas imensas
a procurar entre as pedras
nardos de angústia desenhada.
A aurora chega e não há quem a receba na sua boca
pois ali não há manhã nem esperança possível.
Às vezes, em enxames furiosos, as moedas
perfuram e devoram abandonados meninos.
Os primeiros a sair compreendem com os ossos
que não haverá paraíso nem amores desfolhados;
sabem que vão para o lodo de números e leis,
para os jogos sem arte, para suores sem fruto.
A luz é sepultada por correntes e ruídos
num repto impudico de ciência sem raízes.
Nos bairros há pessoas que vacilam insones,
como recém-saídas de um naufrágio de sangue.
LORCA, Nova Iorque num Poeta, Hiena, 1995.
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