quarta-feira, 20 de abril de 2011
POEMA DE ISABEL DE SÁ
Abri a caixa de cigarrilhas café crème
no jantar de aniversário. Na tua gravata
o alfinete, um triângulo de oiro
que ela trouxera nessa manhã.
Por fim ofereci-lhe o poema, depois
arrependi-me. O tempo passou
e então ela trocou-me
por um bocado de caça envenenada.
Repetir o Poema, edições Quasi, 2005
POEMA DE ISABEL DE SÁ
As coisas que nos acontecem no contacto com os nossos semelhantes têm vindo a fazer parte da escrita, tal como o caos algumas vezes pertence ao meu pensamento. Procuro a íntima fissura onde a alma acabará por dividir-se. Não posso ainda saber com que lado ficarei, "Então serei um eco e uma sombra", viverei a duvida até que um sinal me ilumine a razão.
Repetir o Poema, edições Quasi, 2005
POEMA DE RAINER MARIA RILKE
Todos os que te buscam, tentam-te.
E todos os que te encontram, ligam-te
a imagem e gesto.
Mas eu quero compreender-te
como a terra te compreende;
com o meu amadurar
amadura
o teu reino.
Não quero de ti nenhuma vaidade
que te demonstre.
Eu sei que o tempo
tem outro nome
diferente do teu.
Não faças milagres por amor de mim.
Dá razão às tuas leis
que, de geração em geraçao,
se fazem mais manifestas.
As Elegias de Duino E Sonetos a Orfeu, Tradução de Paulo Quintela, edição O Oiro do Dia, Porto,1983
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