sábado, 28 de março de 2009
Poema de JOÃO BORGES
Lá ao longe está a vida, e eu aqui a vê-la decorrer sem tomar parte nela.
Sinto por vezes que tenho muita idade. Estou cansado e desiludido. É como se tivesse feito um percurso e o fim dele se aproximasse já.
Talvez seja mesmo isso.
Sei que dentro de mim, alastra esta tristeza e a vontade de não estar aqui. Fora de mim, este largo é caótico, são os carros que quase se atropelam, as pessoas velhas, feias, mal vestidas e quando falam parecem alucinadas; uns quantos jovens, alguns mais velhos que eu, não têm noção de que mundo é este e entregam-se de olhos fechados ao paraíso que outros ficcionaram para eles.
Dentro de mim , a solidão de um amor que se desfaz e se repete, corroendo-me. Tudo é negro e cansativo. Há o silêncio que equivale à morte e o meu cadáver esquecido no deserto.
No entanto o coração insiste em bater, os pulmões respiram e acabo por viver mais um dia e mais outro, paredes -meias com este pesadelo.
Sinto por vezes que tenho muita idade. Estou cansado e desiludido. É como se tivesse feito um percurso e o fim dele se aproximasse já.
Talvez seja mesmo isso.
Sei que dentro de mim, alastra esta tristeza e a vontade de não estar aqui. Fora de mim, este largo é caótico, são os carros que quase se atropelam, as pessoas velhas, feias, mal vestidas e quando falam parecem alucinadas; uns quantos jovens, alguns mais velhos que eu, não têm noção de que mundo é este e entregam-se de olhos fechados ao paraíso que outros ficcionaram para eles.
Dentro de mim , a solidão de um amor que se desfaz e se repete, corroendo-me. Tudo é negro e cansativo. Há o silêncio que equivale à morte e o meu cadáver esquecido no deserto.
No entanto o coração insiste em bater, os pulmões respiram e acabo por viver mais um dia e mais outro, paredes -meias com este pesadelo.
Poema de JOÃO RIOS
apressavam os verbos as mulheres sentadas mudando a natureza escondiam os homens obscurecendo os lugares e mergulhavam
para a usura dos dedos
absorvendo a música de um dévio rumor de erecção revolvendo águas
aclarando-se em golpes alçavam as suas guelras e guiavam os nomes mais
para dentro dos demónios de um amor sem salvação um amor ocupado
por estreitas redes de entenebrecer
absorvendo a música de um dévio rumor de erecção revolvendo águas
aclarando-se em golpes alçavam as suas guelras e guiavam os nomes mais
para dentro dos demónios de um amor sem salvação um amor ocupado
por estreitas redes de entenebrecer
Poema do livro "O Ópio da Tempestade", 2009
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