segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Poema de RUI PIRES CABRAL
SHIRLEY ANN EALES (2005)
Na vitrina lê-se Livros Raros
e Usados sob o azul inclinado
de um toldo – mesmo em frente
à glacial cafetaria de franchise
onde o dia destrata o desejo
e não se pode fumar. Subo
aos pequenos gabinetes
mergulhados no doce bafio
da literatura e percorro de A
a Z as espinhas estreitas
e rachadas da poesia. É o sítio
mais vazio de Novembro
e o que mais me reconforta;
o livro que escolho, por metade
de uma libra, traz no frontispício
um nome e uma morada: Shirley Ann
Eales, de Scottsville – um sumido
autógrafo de maiúsculas magras
e triangulares onde a imaginação
encontra por enquanto pretexto
e oxigénio suficientes para arder.
O livro teve outra existência,
pertenceu a outra casa, a outra mesa
de cabeceira – e o pensamento,
de tão óbvio, conjura de repente
uma vertigem, é um corredor
abrupto para a imensidão do mundo
onde trafica o acaso. Ah, sabemos
que a vida é improvável se damos
por nós a cismar, a meio de uma tarde
insípida, numa mulher desconhecida
que lia poemas em Scottsville, nos anos
70. Mas haverá aqui alguma espécie
de sentido, algum sinal guardado
para alguém mais sábio ou inocente
do que eu? Não sei quem és
nem onde estás agora, Shirley Ann,
mas como seria belo se pudesses
um dia encontrar, por obra da mesma
sorte, o teu nome nestes versos.
LONGE DA ALDEIA, 2005
Na vitrina lê-se Livros Raros
e Usados sob o azul inclinado
de um toldo – mesmo em frente
à glacial cafetaria de franchise
onde o dia destrata o desejo
e não se pode fumar. Subo
aos pequenos gabinetes
mergulhados no doce bafio
da literatura e percorro de A
a Z as espinhas estreitas
e rachadas da poesia. É o sítio
mais vazio de Novembro
e o que mais me reconforta;
o livro que escolho, por metade
de uma libra, traz no frontispício
um nome e uma morada: Shirley Ann
Eales, de Scottsville – um sumido
autógrafo de maiúsculas magras
e triangulares onde a imaginação
encontra por enquanto pretexto
e oxigénio suficientes para arder.
O livro teve outra existência,
pertenceu a outra casa, a outra mesa
de cabeceira – e o pensamento,
de tão óbvio, conjura de repente
uma vertigem, é um corredor
abrupto para a imensidão do mundo
onde trafica o acaso. Ah, sabemos
que a vida é improvável se damos
por nós a cismar, a meio de uma tarde
insípida, numa mulher desconhecida
que lia poemas em Scottsville, nos anos
70. Mas haverá aqui alguma espécie
de sentido, algum sinal guardado
para alguém mais sábio ou inocente
do que eu? Não sei quem és
nem onde estás agora, Shirley Ann,
mas como seria belo se pudesses
um dia encontrar, por obra da mesma
sorte, o teu nome nestes versos.
LONGE DA ALDEIA, 2005
sábado, 16 de janeiro de 2010
DOIS POEMAS DE JOÃO BORGES
TRAVESSA DO CORONEL PACHECO
Da janela de guilhotina
vêem-se os telhados,
as varandas abertas
anunciam a casa perfeita
da família-modelo.
Do lado de cá, é
um quarto de pensão.
Sem artifícios, luz fraca,
pouca mobília.
Podia ficar a viver aqui.
A colcha enrodilhada da
cama quase guarda a
forma dos nossos corpos.
Algumas manchas de esperma
secam enquanto eu vagueio
nu pelo quarto. Lentamente
tudo se esquece que estivemos
aqui. As vozes das pessoas
lá em baixo
chegam em tempo real a esta morte.
Partiste para os teus
afazeres, mas eu demoro-me
um pouco mais. Demoro-me
sempre. O vento agita as
cortinas e gela-me.
Na varanda em frente,
uma menina corre provavelmente
para dizer à mãe que está
ali um homem nu.
O homem nu está morto.
E tu combinaste um encontro
para esta noite, neste quarto,
com o homem nu.
Talvez realmente nos encontremos
e de novo as tuas mãos
não se amedrontem ante o
frio da minha pele.
Um cheiro íntimo teu
nas pontas dos meus dedos
diz que já uma vez
não tiveste medo.
Vou sair. Vou percorrer
o Porto desconcentrado do nosso
potencial encontro. Amar a chuva
como se ama um rosto beijado
pela boca ardente,
sedenta de alegria viva.
Não quero que me relembres,
tu que aprecias um bom drama,
que amanhã logo de manhã
nos despedimos até mais ver.
Vou percorrer a cidade
fixo no infinito.
O teu corpo destruído por dentro
mas suave ao toque
não mais será que uma memória.
Vou percorrer a cidade
nu e morto. Serei feliz
e eterno. Porque ninguém nos rouba
a nudez nem a morte.
Afinal a carta
não veio.
As trevas tomavam
cada vez mais o coração.
As palavras eram parcas
e não poderiam
mudar nada do que
aconteceu.
A tristeza vem.
O tempo passará
sobre o sepulcro em que
deixámos cada beijo
de cada abraço.
A escuridão substitui
a dor.
E o abandono vem.
Ao sentar-me no café
relembro a última vez que
te vi. Foi aqui. O teu rosto alternava
entre a alegria de me reencontrar
e o abismo que a tua vida
sempre foi.
E a memória vem.
Eu olhava-te ainda
com o afecto confuso de sempre.
Que agora se mudou.
E o ódio vem.
O empregado entra com os
sacos do talho, carne crua
e ensanguentada, apertada
dentro do plástico como se
quisesse rompê-lo.
É um vislumbre tão nítido
do meu coração.
E a ameaça vem.
E neste café onde estivemos
a última vez antes do ódio,
a carne será confeccionada,
destruída.
E a morte vem.
Da janela de guilhotina
vêem-se os telhados,
as varandas abertas
anunciam a casa perfeita
da família-modelo.
Do lado de cá, é
um quarto de pensão.
Sem artifícios, luz fraca,
pouca mobília.
Podia ficar a viver aqui.
A colcha enrodilhada da
cama quase guarda a
forma dos nossos corpos.
Algumas manchas de esperma
secam enquanto eu vagueio
nu pelo quarto. Lentamente
tudo se esquece que estivemos
aqui. As vozes das pessoas
lá em baixo
chegam em tempo real a esta morte.
Partiste para os teus
afazeres, mas eu demoro-me
um pouco mais. Demoro-me
sempre. O vento agita as
cortinas e gela-me.
Na varanda em frente,
uma menina corre provavelmente
para dizer à mãe que está
ali um homem nu.
O homem nu está morto.
E tu combinaste um encontro
para esta noite, neste quarto,
com o homem nu.
Talvez realmente nos encontremos
e de novo as tuas mãos
não se amedrontem ante o
frio da minha pele.
Um cheiro íntimo teu
nas pontas dos meus dedos
diz que já uma vez
não tiveste medo.
Vou sair. Vou percorrer
o Porto desconcentrado do nosso
potencial encontro. Amar a chuva
como se ama um rosto beijado
pela boca ardente,
sedenta de alegria viva.
Não quero que me relembres,
tu que aprecias um bom drama,
que amanhã logo de manhã
nos despedimos até mais ver.
Vou percorrer a cidade
fixo no infinito.
O teu corpo destruído por dentro
mas suave ao toque
não mais será que uma memória.
Vou percorrer a cidade
nu e morto. Serei feliz
e eterno. Porque ninguém nos rouba
a nudez nem a morte.
Afinal a carta
não veio.
As trevas tomavam
cada vez mais o coração.
As palavras eram parcas
e não poderiam
mudar nada do que
aconteceu.
A tristeza vem.
O tempo passará
sobre o sepulcro em que
deixámos cada beijo
de cada abraço.
A escuridão substitui
a dor.
E o abandono vem.
Ao sentar-me no café
relembro a última vez que
te vi. Foi aqui. O teu rosto alternava
entre a alegria de me reencontrar
e o abismo que a tua vida
sempre foi.
E a memória vem.
Eu olhava-te ainda
com o afecto confuso de sempre.
Que agora se mudou.
E o ódio vem.
O empregado entra com os
sacos do talho, carne crua
e ensanguentada, apertada
dentro do plástico como se
quisesse rompê-lo.
É um vislumbre tão nítido
do meu coração.
E a ameaça vem.
E neste café onde estivemos
a última vez antes do ódio,
a carne será confeccionada,
destruída.
E a morte vem.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
13 DE JANEIRO DE 2010 - 35 ANOS DEPOIS - no mesmo PARQUE EDUARDO VII - Lisboa
A 1ªMANIFESTAÇÃO FEMINISTA -A SEGUIR AO 25 DE ABRIL E CRITICADA PELAS ORGANIZAÇÕES DE ESQUERDA DA ALTURA - DESDE OS MILITANTES DO PCP AOS MAOISTAS, TROTSKISTAS E OUTROS.
Para os ESQUERDISTAS - as FEMINISTAS eram um grupo de BURGUESAS. Os esquerdistas afirmavam que, numa sociedade SOCIALISTA - a igualdade entre homens e mulheres seria perfeita, não haveria lugar para a DISCRIMINAÇÃO, nem para a homossexualidade.
COMO ERAM LÍRICOS E INFANTIS. Agora são os grupos de esquerda que se manifestam por estes valores. ONDE ESTÁ A COERÊNCIA? Em todas as mulheres, que sempre lutaram pelo direito a ter VOZ, IDENTIDADE, e não TROCARAM de discurso. A DISCRIMINAÇÃO CONTINUA A EXISTIR E VAI CONTINUAR. O FEMINISMO está VIVO. A REALIDADE REVELA a DESIGUALDADE.
visitar o CIBERESCRITAS para mais informação sobre este acontecimento ÚNICO
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
BUSCAR CONSOLO NA CRUELDADE
Se todo o poema tem de ser cruel e se a poesia oferece consolo, talvez seja legítimo pensar que a crueldade nos consola. Ou talvez a crueldade esteja no exercício do esquecimento que todo o poema é. Ainda que a memória possa ser o magma, o esquecimento é o que resulta da manipulação do magma. Já dizia Ruy Belo, «esquecer é para mim morrer um pouco, antecipar um regresso definitivo à terra». E a paz está, precisamente, nessa antecipação. Morrer aos poucos em vida, para morrer em paz com a morte definitiva.
Postagem de HMBF editada na Antologia do Esquecimento
Postagem de HMBF editada na Antologia do Esquecimento
domingo, 10 de janeiro de 2010
O PRECONCEITO CONTINUA NO SÉCULO XXI E de que maneira ... É tudo tão lento, e o desejo não acerta o passo com as leis dos homens. FELIZMENTE
A paixão revela sempre sinais de rebeldia. Instala-se sem consultar o BI ou a diferença de sexos. - PERTURBA A INSTITUIÇÃO.
«O primeiro-ministro irlandês, Peter Robinson, foi ontem à televisão explicar-se pelo caso amoroso da sua mulher, Iris, com um rapaz 40 anos mais novo. A Sr. ª Rodrigues - Mrs. Robinson, se lhe quisermos cantar o nome - um jovenzinho com ... Dantes os líderes heróis sonhavam com (o general Patton Julgava-se uma reencarnação de Júlio César); agora os filmes líderes rebobinam. Quando Peter Robinson e a mulher se casaram, era um dos êxitos The Graduate, uma história de um jovem estudante (Dustin Hoffman, o que mostra que foi ao tempo) que vai para a cama com uma entradota Sr. ª Robinson. Bom filme e melhor ainda a música, um célebre Mrs. Robinson, de Simon & Garfunkel. (...) »[Diário de Notícias]
FRENESI - ATENÇÃO LEITORES - NOVO ESPAÇO NA WEB
Estimados amigos, leitores e colegas de edição, o ano que agora se inicia traz, desde já, uma novidade seguinte: um FRENESI LOJA, Linha electrónica aberta às vossas compras de livros raros, antigos e modernos ... Livros que, por não se encontrarem nas mercearias livreiras que hoje abastecem o mercado, e não sendo em nada menos merecedores de atenção cultural, continuamos nós a procurar por feiras, leilões e em declínio bibliotecas, a fim de os tornarmos disponíveis a leitores Interessados. Trata-se de levar oxigénio ao Bicho do papel.Os preços ... Bom, os preços são o que são, determina-os o custo de cada busca e Respectivo valor de aquisição ... E não são, seguramente, exagerados se se tiver em conta o que se gasta em cervejas (e no resto ...) numa noite de Estroina! Dá para dizer: no intervalo da bebida cultivem-se!, Comecem já a vossa formar um biblioteca ideal.
Para ir recebendo a nossa montra de livros actualizada envie-nos o seu e-mail para um frenesilivros@yahoo.com
Postagem de Paulo da Costa Domingos - Frenesi
Para ir recebendo a nossa montra de livros actualizada envie-nos o seu e-mail para um frenesilivros@yahoo.com
Postagem de Paulo da Costa Domingos - Frenesi
sábado, 9 de janeiro de 2010
SANGRAMENTO - Joaquim Manuel Magalhães
(...)
Melhor seria que não me lessem nunca
os que por costume lêem poesia.
Muito além deles conseguir falar
ao que chega a casa e prefere o álcool,
a música de acaso, a sombra de alguém
com o silêncio das situações ajustadas.
Não ser lido por quem lê. Somente
pelos que procuram qualquer coisa
rugosa e rápida a caminho de uma revista
onde fotografaram todo o ludíbrio da felicidade.
Que um poema meu lhes pudesse entregar,
ademais da morte,
um alívio igual ao de atirar os sapatos
que tanto apertam os pés desencaminhados.
Mais do que tudo é isso que lhes quero
na confusão destas palavras atingidas
pelo contrário do que lhes entrego.
Pode até haver crianças, brinquedos espalhados,
o cheiro da comida, todas essas coisas de que fujo,
mas que me lessem sem pensar
na armadilha de palavras assim.
Alguém que me visitasse só
com o que ficou para trás nesse dia,
antes de pôr o vídeo com que vai tentar
esquecer o peso do princípio da noite,
as horas depois do emprego e do jantar,
antes do sono que tantas vezes é
um fechamento de desconsolo.
Estrelas cadentes, outras e outras
no dia? na noite tão curta? decepadas
e enaltecidas por entre o ladrar
de um cão que na distância
responde a outro cão.
ALTA NOITE EM ALTA FRAGA, Relógio D'Água, 2001
Melhor seria que não me lessem nunca
os que por costume lêem poesia.
Muito além deles conseguir falar
ao que chega a casa e prefere o álcool,
a música de acaso, a sombra de alguém
com o silêncio das situações ajustadas.
Não ser lido por quem lê. Somente
pelos que procuram qualquer coisa
rugosa e rápida a caminho de uma revista
onde fotografaram todo o ludíbrio da felicidade.
Que um poema meu lhes pudesse entregar,
ademais da morte,
um alívio igual ao de atirar os sapatos
que tanto apertam os pés desencaminhados.
Mais do que tudo é isso que lhes quero
na confusão destas palavras atingidas
pelo contrário do que lhes entrego.
Pode até haver crianças, brinquedos espalhados,
o cheiro da comida, todas essas coisas de que fujo,
mas que me lessem sem pensar
na armadilha de palavras assim.
Alguém que me visitasse só
com o que ficou para trás nesse dia,
antes de pôr o vídeo com que vai tentar
esquecer o peso do princípio da noite,
as horas depois do emprego e do jantar,
antes do sono que tantas vezes é
um fechamento de desconsolo.
Estrelas cadentes, outras e outras
no dia? na noite tão curta? decepadas
e enaltecidas por entre o ladrar
de um cão que na distância
responde a outro cão.
ALTA NOITE EM ALTA FRAGA, Relógio D'Água, 2001
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
ACERTAR O PASSO
O Parlamento aprovou hoje, com os votos do PS, BE, PCP e Verdes, o projecto de lei do governo que permitirá o casamento entre pessoas do mesmo sexo. As propostas do BE e dos Verdes, ambas prevendo a possibilidade de adopção por parte de casais homossexuais, foram chumbadas. Também chumbada foi a proposta do PSD de instituir uniões civis registadas. A petição popular, da PCC, visando um referendo, foi rejeitada.(...)
postagem do blog http://daliteratura.blogspot.com/
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Poema de LEWIS CARROLL
ACERTE OU ERRE
(Pares de premissas em busca de conclusões)
Nenhum careca necessita pente;
Nenhum lagarto tem cabelo.
Alfinetes não são ambiciosos;
Agulhas não são alfinetes.
Algumas ostras estão caladas;
Pessoas caladas não são divertidas.
Rãs não escrevem livros;
Algumas pessoas usam tinta para escrever livros.
Certas montanhas são intransponíveis;
Todos os estilos podem ser transponíveis.
Nenhuma lagosta é insensata;
Nenhuma pessoa sensata espera impossibilidades.
Nenhum fóssil pode ser em amor cruzado;
Uma ostra pode ser em amor cruzada.
Um homem prudente evita hienas;
Nenhum banqueiro é imprudente.
Nenhum sovina é altruísta;
Só os sovinas guardam cascas de ovo.
Nenhum militar escreve poesia;
Nenhum general é civil.
Todas as corujas são satisfatórias;
Certas desculpas são insatisfatórias.
Tradução: José Lino Grünewald
(Pares de premissas em busca de conclusões)
Nenhum careca necessita pente;
Nenhum lagarto tem cabelo.
Alfinetes não são ambiciosos;
Agulhas não são alfinetes.
Algumas ostras estão caladas;
Pessoas caladas não são divertidas.
Rãs não escrevem livros;
Algumas pessoas usam tinta para escrever livros.
Certas montanhas são intransponíveis;
Todos os estilos podem ser transponíveis.
Nenhuma lagosta é insensata;
Nenhuma pessoa sensata espera impossibilidades.
Nenhum fóssil pode ser em amor cruzado;
Uma ostra pode ser em amor cruzada.
Um homem prudente evita hienas;
Nenhum banqueiro é imprudente.
Nenhum sovina é altruísta;
Só os sovinas guardam cascas de ovo.
Nenhum militar escreve poesia;
Nenhum general é civil.
Todas as corujas são satisfatórias;
Certas desculpas são insatisfatórias.
Tradução: José Lino Grünewald
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Mário de Sá-Carneiro
Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro.
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro.
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