segunda-feira, 27 de julho de 2015
Homenagem a José Rodrigues e abertura da Colecção de Desenhos da Fundação Escultor José Rodrigues. Evento inserido na 1ªBienal de Arte Gaia 2015. Fotos de Maria Bochicchio, Rosa Alice Branco, Graça Martins, Francisco Laranjo, Ágata Rodrigues, José Rodrigues, António Oliveira, Agostinho Santos, Albino Almeida, Manuel Sousa Pereira, Eng. Secca, Albuquerque Mendes. Foto de Graça Martins com José Maia (1ºPrémio de Pintura na 1ªBienal de Gaia 2015) e desenho de Graça Martins na Colecção da Fundação José Rodrigues.
sábado, 11 de julho de 2015
7 Perguntas a Isabel de Sá - Correio do Porto
ISABEL de Sá tem uma biografia evidentemente excepcional. Nasceu em Esmoriz, Ovar, foi à escola da vila, mas para continuar o caminho da instrução, teve de se mudar para o Porto onde se licenciou na FBAUP. Depois de aqui residir alguns anos, acabou por regressar às origens, quem sabe se para relembrar a infância passada em plena natureza. E porque sem beleza não aguenta estar viva, a artista vem procurando aquele alimento através da pintura e da poesia, criando, inevitavelmente, um mundo imaginário onde pode desfrutar do Belo e, desse modo, sobreviver.
Por Paulo Moreira Lopes
1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?
8 de Setembro de 1951, Esmoriz, Concelho de Ovar.
2 – Atual residência (freguesia e concelho)?
Esmoriz, Concelho de Ovar, Distrito de Aveiro.
3 – Escolas/Universidade que frequentou no distrito do Porto?
Desde a Escola Primária até à FBAUP.
4 – Habilitações literárias?
Licenciatura em Artes Plásticas/Pintura pela FBAUP.
5 – Atividade profissional?
Professora do Ensino Secundário.
6 – Em que medida o local onde viveu ou vive influenciou ou influencia o seu trabalho por referência a fenómenos geográficos (paisagem, rios, montanha, cidade), culturais (linguagem, sotaque, festividades, religião, história) e económicos (meio rural, industrial ou serviços)?
O local onde nasci, a família, a paisagem e alguns acontecimentos tiveram importância, inevitavelmente, na minha formação. Para completar esta resposta deixo dois poemas:
Filha de um industrial
de quem herdou o apelido
e de Maria Felicidade
Francisca de Castro
casados em únicas núpcias de ambos
e sob o regime de comunhão geral
Maria Isabel Castro de Sá
é a quarta de oito filhos do casal
que festejou as bodas de ouro
com todos os filhos
noras
genros e netos.
Portanto
nascida e afirmada
na segunda metade do século passado
abrindo caminho num terreno minado
por todos os poderes
a autora
deixa estas palavras aos que esperam:
No meu trabalho não procuro nada
não tenho qualquer objectivo.
Entre o nascimento e a morte encontro tudo.
A ficção é extraordinária
e a realidade não surpreende.
Cada um vive a sua
e ninguém se livra desse nada.
A minha biografia
é evidentemente excepcional.
Tive um pai uma mãe
nasci numa Casa
fui à Escola da vila
depois do concelho.
Mudei de distrito para continuar
e o caminho da instrução
concretizou-se na Faculdade de Belas Artes.
Da infância passada em plena Natureza
lembro a beleza das estações do ano
os rituais católicos
uma criada preferida
o instante em que aprendi a ler.
Chegou a adolescência e a certeza:
Quero ser professora de Desenho.
Suponho que a Biblioteca
me salvou do desastre interior.
Tinha dezassete anos e requisitei
“Uma Época No Inferno”
de um rapazito
chamado Jean – Arthur Rimbaud.
Na Biblioteca
o empregado olha-me com reserva.
Eu estudava o quê?
Um dia livros de medicina
outro dia de poesia.
Então a ciência é poética?
A entrada na vida adulta
aliada à independência e ao amor.
O meu país sofreu uma revolução.
A democracia não honrou ainda a sua palavra.
Cumpro deveres
e não usufruo de direitos proporcionais.
Eu e alguns milhares
neste sentimental canto europeu
sob um regime semi-ditatorial
contribuo para a sopa e os vícios
de alguns milhares de parasitas.
Mudando de assunto
a pátria é grande e a família também.
Para mim
já passou o meio século. Já foi o Pai
a Mãe e o Irmão mais velho.
Estou por cá à espera
certamente.
Não é provável que me entregue.
Conheci o galinheiro do confessionário
ajoelhei-me diante do altar
da virgem. Apaixonei-me.
Também recebi um terço de prata
no dia da comunhão solene.
E na hora exacta
o óleo perfumado do crisma.
Sempre que vou a uma missa de corpo presente
lá está o mesmo altar
com a deslumbrante virgem. Entretenho-me
a recordar que já tive quinze anos
e também adorei.
Depois a Páscoa
a soturna via sacra
onde sofria pela minha dor
e as beatas exibiam lágrimas
como dádiva pelo calvário
a que Jesus foi sacrificado.
Jesus era belo na sua passividade:
Os longos cabelos
o olhar suplicante
as pernas
o tronco liso
o ventre. Por fim a entrega.
Braços abertos para o bem e para o mal.
Agora
neste dois mil e seis
trata-se de insistir.
Já é tarde para quase tudo.
Os meus contemporâneos
alimentam uma curiosidade fétida.
A obra é minha. Faço o que quero.
Escondo
rasgo
mostro
transformo
entrego ao crematório
deixo aos herdeiros
ao vaticano
não deixo.
Nunca esmolei. Não fui pobre.
Mas os sinais da exclusão
o ódio é tão luminoso
que seria patético
psicotisante até
não articular sequer estes versos
antes da eutanásia.
7 – Endereço na web/blogosfera para a podermos seguir?
http://isabeldesaescritora.blogspot.pt/
https://www.facebook.com/isabeldesapoetapintora?ref=hl
https://www.facebook.com/passarocos?ref=hl
Por Paulo Moreira Lopes
1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?
8 de Setembro de 1951, Esmoriz, Concelho de Ovar.
2 – Atual residência (freguesia e concelho)?
Esmoriz, Concelho de Ovar, Distrito de Aveiro.
3 – Escolas/Universidade que frequentou no distrito do Porto?
Desde a Escola Primária até à FBAUP.
4 – Habilitações literárias?
Licenciatura em Artes Plásticas/Pintura pela FBAUP.
5 – Atividade profissional?
Professora do Ensino Secundário.
6 – Em que medida o local onde viveu ou vive influenciou ou influencia o seu trabalho por referência a fenómenos geográficos (paisagem, rios, montanha, cidade), culturais (linguagem, sotaque, festividades, religião, história) e económicos (meio rural, industrial ou serviços)?
O local onde nasci, a família, a paisagem e alguns acontecimentos tiveram importância, inevitavelmente, na minha formação. Para completar esta resposta deixo dois poemas:
§
A VERDADEIRA BIOGRAFIA: O NOMEFilha de um industrial
de quem herdou o apelido
e de Maria Felicidade
Francisca de Castro
casados em únicas núpcias de ambos
e sob o regime de comunhão geral
Maria Isabel Castro de Sá
é a quarta de oito filhos do casal
que festejou as bodas de ouro
com todos os filhos
noras
genros e netos.
Portanto
nascida e afirmada
na segunda metade do século passado
abrindo caminho num terreno minado
por todos os poderes
a autora
deixa estas palavras aos que esperam:
No meu trabalho não procuro nada
não tenho qualquer objectivo.
Entre o nascimento e a morte encontro tudo.
A ficção é extraordinária
e a realidade não surpreende.
Cada um vive a sua
e ninguém se livra desse nada.
§
A VERDADEIRA BIOGRAFIA: O PERCURSOA minha biografia
é evidentemente excepcional.
Tive um pai uma mãe
nasci numa Casa
fui à Escola da vila
depois do concelho.
Mudei de distrito para continuar
e o caminho da instrução
concretizou-se na Faculdade de Belas Artes.
Da infância passada em plena Natureza
lembro a beleza das estações do ano
os rituais católicos
uma criada preferida
o instante em que aprendi a ler.
Chegou a adolescência e a certeza:
Quero ser professora de Desenho.
Suponho que a Biblioteca
me salvou do desastre interior.
Tinha dezassete anos e requisitei
“Uma Época No Inferno”
de um rapazito
chamado Jean – Arthur Rimbaud.
Na Biblioteca
o empregado olha-me com reserva.
Eu estudava o quê?
Um dia livros de medicina
outro dia de poesia.
Então a ciência é poética?
A entrada na vida adulta
aliada à independência e ao amor.
O meu país sofreu uma revolução.
A democracia não honrou ainda a sua palavra.
Cumpro deveres
e não usufruo de direitos proporcionais.
Eu e alguns milhares
neste sentimental canto europeu
sob um regime semi-ditatorial
contribuo para a sopa e os vícios
de alguns milhares de parasitas.
Mudando de assunto
a pátria é grande e a família também.
Para mim
já passou o meio século. Já foi o Pai
a Mãe e o Irmão mais velho.
Estou por cá à espera
certamente.
Não é provável que me entregue.
Conheci o galinheiro do confessionário
ajoelhei-me diante do altar
da virgem. Apaixonei-me.
Também recebi um terço de prata
no dia da comunhão solene.
E na hora exacta
o óleo perfumado do crisma.
Sempre que vou a uma missa de corpo presente
lá está o mesmo altar
com a deslumbrante virgem. Entretenho-me
a recordar que já tive quinze anos
e também adorei.
Depois a Páscoa
a soturna via sacra
onde sofria pela minha dor
e as beatas exibiam lágrimas
como dádiva pelo calvário
a que Jesus foi sacrificado.
Jesus era belo na sua passividade:
Os longos cabelos
o olhar suplicante
as pernas
o tronco liso
o ventre. Por fim a entrega.
Braços abertos para o bem e para o mal.
Agora
neste dois mil e seis
trata-se de insistir.
Já é tarde para quase tudo.
Os meus contemporâneos
alimentam uma curiosidade fétida.
A obra é minha. Faço o que quero.
Escondo
rasgo
mostro
transformo
entrego ao crematório
deixo aos herdeiros
ao vaticano
não deixo.
Nunca esmolei. Não fui pobre.
Mas os sinais da exclusão
o ódio é tão luminoso
que seria patético
psicotisante até
não articular sequer estes versos
antes da eutanásia.
7 – Endereço na web/blogosfera para a podermos seguir?
http://isabeldesaescritora.blogspot.pt/
https://www.facebook.com/isabeldesapoetapintora?ref=hl
https://www.facebook.com/passarocos?ref=hl
sábado, 4 de julho de 2015
Amanhã no PORTO CANAL, 22.30h. Entrevista de Maria Bochicchio por Valter Hugo Mãe! A não perder! O que faz uma italiana em Portugal, há tantos anos? Doutoramento em Literatura Contemporânea Portuguesa. Passagem da Maria por algumas galerias de Miguel Bombarda. Galeria Símbolo, Galeria-Atelier Metamorfose e Galeria Pentágono.
quarta-feira, 1 de julho de 2015
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