Encontramos um amigo numa fonte
a água foge nos seus dedos, falamos-lhe.
Pomos a boca sobre a fria superfície
da sua pele onde bate o sol,
um canteiro incendiado de brandura.
Uma coragem cresce debruçada
para os seus olhos salinos contra nós.
Tem um sorriso, uma camisa aberta,
o peito um arco de respiração.
Lentamente afasta-se. Já não segura
o nosso despeito nem o nosso acordo.
Para esquecê-lo, nenhuma noite bastará.
A fonte secou, o caminho que seguimos foi devorado.
Na manhã os pássaros começam a sangrar.
Consequência do Lugar, Relógio d'água, 2001
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