Durante muito tempo, as mulheres só usaram gravata - a graciosa lavallière - por simples coqueteria. No século XIX, quando se exprimiram as primeiras ideias feministas, a gravata - mas desta vez à maneira dos homens - tornou-se para as mulheres um dos meios de afirmar a sua emancipação. Georg Sand e Flora Tristan, que se vestiam à homem e portanto usavam gravata, foram das primeiras a desafiar as convenções. (...) A evolução visível , do estatuto da mulher esteve na origem, antes da I Guerra Mundial e durante os «anos loucos», de uma masculinização acentuada do vestuário feminino. No extremo dessa tendência, nada ou quase nada distinguia, em matéria de aparência, a garçonnette do homem; usava cabelo curto, casaco, calças, camisa e gravata. Mas essa moda de pura imitação só foi seguida por um pequeno número de citadinas, levadas pelo perfume de escândalo que emanava de algumas criaturas fascinantes que mais ou menos abertamente exibiam a sua homossexualidade, como Rachilde, Nathalie Barney ou Colette.
O uso de gravata pelas mulheres mudara, pois, radicalmente de natureza: a gravata, a princípio simples ornamento de renda e colorido para seduzir os homens, tinha-se tornado pouco a pouco a maneira de elas afirmarem a sua igualdade. (...).
François Chaille, escritor
Sem comentários:
Enviar um comentário