GAZEL DO AMOR DESESPERADO
A noite não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Porém eu irei,
embora um sol de lacraus me devore a fronte.
Porém tu virás
com a lingua queimada por chuva de sal.
O dia não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Porém eu irei,
entregando aos sapos meu cravo mordido.
Porém tu virás
pelas turvas cloacas da obscuridade.
O dia e a noite não querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.
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