sábado, 28 de fevereiro de 2009

O NOME
Todo ele estava torcido para dentro da memória.
Sentia-se-lhe o corpo a abarrotar de sombra, a qual se lhe escapava com frequência pela boca, destruindo-lhe assim parte da cabeça.
Há quem sugira que o seu nome, de que nunca ninguém soube a forma exacta, se situa onde dele nada aos nossos olhos é visível; quem pelo contrário admita que talvez alguém a quem o coração sirva de lupa algures o venha ainda a decifrar.
Escalda-me a saliva onde a memória a surpreende, costumava-me ele dizer. Começa-se o verão a descolar por toda a parte. A uma luz que de nós próprios irradia é impossível conhecer seja o que for.
Rebentação, & etc, Lisboa, 1979

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