Paulo da Costa Domingos
Na actualidade, volta a não existir lugar onde não grasse a censura. Erva daninha tudo invadindo, lares adentro. À escuta. Interiorizada, auto-contida, à coca de oportunidades para fazer imperar os velhos dogmas. Os interditos, os "parece mal", os "não se fala com a boca cheia", as afixações proibidas! Mas nada, nada, nada nunca mais poderá envolver-nos julgando-se dissimulado, porque, se a virgindade se perdeu, também a obediência veio ajoelhar à sua própria lama.
A terrível saída da adolescência vinha aí: insaciável. A esticões luciferinos, no género Lúcifer Sem Dor. Daí por diante, a um único apelo tenho respondido: acção poética - e será como atravessar um campo de minas.
frenesi, 2009, Lisboa
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