segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Poema de JORGE DE SENA



Deitados no sabor de ao sol queimarem

o mais oculto de si mesmos são

dois jovens e uma jovem misturados.

Um dos rapazes se recosta contra o corpo

do outro rapaz que alonga dorso e pernas,

enquanto neste se debruça e dobra,

pendendo os frescos seios e os cabelos,

o corpo feminino associado aos de ambos.

Mas nada indica excitação nos machos

de quem se pousa o sexo ou distendido pende

em de sereno indiferente como

a só vazia de ausência mistério

que a corpos dava um fervor quente e humano.

São, como deuses, animais sem cio?

Ou são, como animais, humanos, que se aceitam?

Ela é de quem? De um deles só, dos dois?

Um deles será dela mas também do outro?

Será cada um dos três dos outros dois?

Ambos os machos serão fêmeas do outro?

Ou sou um deles? Qual dos dois? O que

sentado se recosta? O que deitado

aceita contra o seu corpo recostado?



Sobre Esta Praia... Oito Meditações à beira do Pacifico (1979), cuja primeira edição em Português foi publicada pela Editorial Inova, em 1977.

1 comentário:

Supermassive Black-Hole disse...

isto sim, são "sinais de fogo"