Poema de JORGE DE SENA
Deitados no sabor de ao sol queimarem
o mais oculto de si mesmos são
dois jovens e uma jovem misturados.
Um dos rapazes se recosta contra o corpo
do outro rapaz que alonga dorso e pernas,
enquanto neste se debruça e dobra,
pendendo os frescos seios e os cabelos,
o corpo feminino associado aos de ambos.
Mas nada indica excitação nos machos
de quem se pousa o sexo ou distendido pende
em de sereno indiferente como
a só vazia de ausência mistério
que a corpos dava um fervor quente e humano.
São, como deuses, animais sem cio?
Ou são, como animais, humanos, que se aceitam?
Ela é de quem? De um deles só, dos dois?
Um deles será dela mas também do outro?
Será cada um dos três dos outros dois?
Ambos os machos serão fêmeas do outro?
Ou sou um deles? Qual dos dois? O que
sentado se recosta? O que deitado
aceita contra o seu corpo recostado?
Sobre Esta Praia... Oito Meditações à beira do Pacifico (1979), cuja primeira edição em Português foi publicada pela Editorial Inova, em 1977.
1 comentário:
isto sim, são "sinais de fogo"
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