CANÇÃO DA MAIS ALTA TORRE
Que venha, que venha
O tempo da apanha.
Eu esperei tanto
Que tudo esqueci.
As raivas, o pranto
Acabam-se aqui.
E uma sede langue
Escurece-me o sangue.
Que venha, que venha
O tempo da apanha.
Como o descampado
De flores de abandono
Coberto, deixado
Ao incenso e ao sono,
Para voos atrozes
De moscas ferozes.
Que venha, que venha
O tempo da apanha.
Uma Época No Inferno, tradução de Mário Cesariny, Portugália Editora, 1960
1 comentário:
[escrita que verdadeiramente sangra e comemora, acima de tudo, a vida]
um imenso abraço
Leonardo B.
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